Papo de Mãe
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A escola na vida dos nossos filhos: "Gracias", Néstor. "Felicitaciones", Alfredo

O ator e escritor Vinicius Campos conta dos desafios do filho no Ensino Médio e sobre a parceria com a escola:"A educação de qualidade salva e transforma"

Vinicius Campos* Publicado em 17/12/2021, às 09h06

Último dia de aula no Colegio de la ciudad
Último dia de aula no Colegio de la ciudad

Na próxima segunda, dia 20, meu filho do meio receberá o diploma do Ensino Médio. Foram anos intensos que começaram com a escolha de onde ele estudaria. Não era fácil a decisão. Nosso pequeno, que na época tinha somente doze anos (aqui na Argentina o Ensino Médio começa antes e dura cinco anos), nosso pequeno estava bravo com a vida, e tinha razão, a vida não tinha sido legal com ele até aquele momento. E toda sua braveza costumava aparecer na escola, tanto na relação com seus pares, como com seus professores e com as autoridades escolares. 

filho
Alfredo, filho de Vinicius Campos, formado no Ensino Médio

Assista ao Papo de Mãe sobre a escola na vida das crianças. 

Como o Edu e eu não tínhamos nenhuma experiência e conhecimento, fomos conversar com uma pedagoga especialista em indicar escolas segundo o perfil das crianças. O trabalho dela estava mais voltado em reconhecer os talentos do aluno e tentar encontrar uma instituição que os pudesse potencializar, mas nós buscávamos algo diferente, nossa preocupação era encontrar uma escola capaz de entender nosso desafio a mostrar pro nosso pequeno que a vida podia ser legal e que aprender podia ser divertido.

Depois de algumas reuniões, a pedagoga nos deu três opções. Pesquisei um pouco e me apaixonei por uma das escolas. Colegio de la ciudad, criado e dirigido por Néstor Abramovich, um educador com vasta experiência na formação de adolescentes, uma referência aqui na Argentina. 

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Os professores do Colegio de la ciudad no último dia de aula

Na primeira ligação a decepção: as vagas estavam todas preenchidas. "Você deveria ter ligado há um ano" - me informou a secretária. Mal sabia ela que um ano antes nossos filhos ainda nem eram nossos. 

Não desisti. Escrevi um email ao Néstor, dono do colégio. Texto longo contando nossa história, expondo todas as dificuldades, dizendo que precisávamos de uma escola que fosse nossa sócia no desenvolvimento do nosso pequeno, avisando que precisávamos de diretores, professores, pedagogos, todos engajados no projeto de devolver a alegria e a confiança ao nosso filho. Lembro que coloquei no email: "não preciso de uma escola que me mande bilhetes todas as semanas, preciso de profissionais que se comprometam a encontrar soluções."

Dias depois chegou um convite para uma reunião. Néstor, o dono do colégio, acompanhado de Enrique, disse que a escola faria um esforço e abriria uma nova vaga e não me esqueço de suas palavras: "queremos que seu filho estude aqui porque temos a convicção de que somos a escola perfeita para ajudá-lo nessa nova etapa". 

Quase chorei.

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Foi só o primeiro gesto de Néstor. Durante os cinco anos, em cada momento difícil, tivemos mais do que uma escola. Foram profissionais incansáveis em encontrar estratégias para nos ajudar a formar nosso garoto. Reuniões, mensagens, grupos de whatsapp, intervenção com os outros pais e crianças. Tal era o comprometimento que durante umas gravações de Nivis, quando meus horários eram insanos e havia uma crise com nosso pequeno, Néstor organizou uma reunião às oito e meia da noite num restaurante. Um jantar comigo e com o Edu para continuar pensando maneiras de impulsionar nosso pequeno na direção correta. 

Não é incrível?

A escola do meu filho não ensinou apenas a ele. Aprendi em cada troca, em cada conversa. Não teria conseguido sem o apoio de Néstor e sua equipe. E hoje quando vejo meu filho feliz, de bem com a vida, cheio de projetos e planos para o futuro, pronto para novos desafios, estou convencido que a escolha da escola e nossa relação com a equipe foram fundamentais para chegar onde estamos. 

Escola cumpre muito mais que ensinar língua e matemática, escola é muito mais que um espaço de aprendizado de conteúdos, é na escola onde nossos filhos se tornam cidadãos, onde aprendem a se relacionar com pares, onde entendem a real autoridade e questionam o mundo onde vivem. Escola tem que ser parceira e não um repetidor de informações. Escola tem que fazer pensar, tem que ajudá-los a questionar, inclusive a nós, pais. Escola de verdade extrapola seus muros e transforma nossas vidas por completo.

Claro que uma escola como a do Néstor custa caro e nem todo mundo tem acesso, mas é nosso papel lutar por escolas públicas com essa mesma qualidade. É nosso dever votar em governos que investem em educação, que pagam bem os professores, que fazem uso de pedagogias transformadoras, que entendem Paulo Freire e conhecem a força de sua Pedagogia do Oprimido, que abrem espaço para o questionamento sem medo de seus resultados, pelo contrário, confiantes que a partir do questionamento tudo será mais frutífero e promissor. 

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Colegio de la ciudad: escola parceira

A educação de qualidade salva e transforma. E hoje, emocionado, agradeço a Néstor e sua equipe, e parabenizo meu pequeno, porque sem seu esforço e compromisso diários, não teria sido possível.

*Vinicius Campos, escritor e pai de 3 adolescentes – Colunista do Papo de Mãe.

Instagram: @viniciuscamposoficial

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Papo de Mãe. 
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