Papo de Mãe

Pediatra deve falar de álcool e drogas em consulta

Roberta Manreza Publicado em 06/07/2016, às 00h00 - Atualizado às 10h15

Imagem Pediatra deve falar de álcool e drogas em consulta
6 de julho de 2016


Por Roberta Manreza

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria

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O consumo do álcool entre crianças e adolescentes

O uso de álcool e drogas está entre os principais problemas de saúde do mundo. E um dado alarmante: a dependência, que começa cada vez mais cedo, já é considerada uma doença pediátrica.

A Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) lançou uma campanha contra o álcool e as drogas na infância e adolescência. Batizada de “Julho Branco”, a iniciativa tem o slogan “Com consciência, sem drogas”.

Segundo Claudio Barsanti, presidente da SPSP, a campanha apoia-se em dois pilares: a apresentação e a discussão do tema com os diversos segmentos da sociedade, dada a relevância do assunto na atualidade e para as gerações futuras, além da adequada capacitação médica na abordagem e na assistência.

“Quando nos aprofundamos nos números e na alta incidência, percebemos a gravidade do quadro; e como pouco se debate a respeito, o que é preocupante, não temos a proposição de medidas efetivas para o combate deste grande mal. Além disso, se o pediatra, assim como outros profissionais da saúde, estiver bem informado e atento a esta realidade, será possível diagnosticar e adotar condutas dirigidas para solucionar o problema, mais prontamente”.

A SPSP compreende que o combate eficaz ao consumo de drogas (lícitas ou não) passa obrigatoriamente pelos consultórios dos especialistas. Com o preparo adequado do pediatra, será possível instituir o aconselhamento obrigatório – um tempo da consulta voltado à abordagem da questão -, favorecendo a intervenção preventiva e até curativa dos usuários das substâncias.

“Infelizmente há um crescimento exponencial do uso de drogas em idades cada vez mais jovens, e, por isso, o tópico deve ser abordado. A realidade atual exige que esse tema seja tratado como prioridade, especialmente junto aos pais e adolescentes. O pediatra deve estar pronto, preparado técnica e cientificamente, para como tratar e dar as devidas orientações”, afirma Dr. Claudio.

Para a Dra. Lílian dos Santos Rodrigues Sadeck, 1º vice-presidente da SPSP, a “Julho Branco” é primordial como ferramenta de combate ao uso de drogas lícitas e ilícitas, focada principalmente em crianças e adolescentes, cujo acesso ocorre cada vez mais cedo.

“É uma luta contínua, que deve ser realizada dia a dia, em todos os ambientes de convívio dos jovens e familiares. Definimos o mês de julho para propagar este conhecimento e, consequentemente, a reflexão”, enfatiza.

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O combate nos consultórios

Aconselhamento sobre Drogas em Pediatria

João Paulo Lotufo, coordenador do Grupo de Trabalho do Combate ao uso de Drogas por Crianças e Adolescentes da SPSP, reforça a ideia de identificar a existência do problema entre a família, trabalhando com pais e os pequenos pacientes.

Criador do projeto “Dr. Bartô”, cuja iniciativa busca exatamente a prevenção do uso de drogas lícitas e ilícitas entre jovens e seus familiares, ele já desempenha ação semelhante no Hospital Universitário da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“O pediatra pode e deve tratar do assunto; ele é o profissional da linha de frente que percebe a existência do problema. É fundamental o preparo, um plano de atendimento, uma pesquisa sobre a situação familiar, para então levantar uma discussão saudável e informativa”, ressalta dr. João Paulo.

Claudio Barsanti acrescenta que “se não lidarmos da maneira correta e ideal com o assunto, deixa de ser educação, deixa de ter seu papel como promoção de saúde e bem-estar. Por isso, precisamos divulgar, e essa é nossa responsabilidade enquanto Sociedade de Pediatria”.

Dados

De acordo com um relatório mundial elaborado pelo Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crimes, o consumo de drogas ilícitas aumenta cerca de 0,5% a cada ano. Os dados da última pesquisa revelam que cerca de 200 milhões de pessoas, a partir dos 15 anos, fazem uso de drogas ilícitas pelo menos uma vez por ano.

Um dos pontos que mais chamam a atenção é a precocidade com que os jovens iniciam o uso das drogas. Segundo uma pesquisa da Unifesp realizada em São Paulo com alunos de escolas particulares, o álcool se mostrou, de longe, como a droga mais utilizada entre os adolescentes. 40% dos estudantes haviam bebido no mês anterior à pesquisa e 10% haviam fumado cigarro – a segunda droga mais citada.

O álcool é também a droga que começa a ser consumida mais cedo pelos jovens – em média aos 12 anos e meio de idade.

É importante lembrar que é proibido vender bebida alcoólica para menores de idade. E neste caso, todo cuidado é pouco. Uma pesquisa realizada pelo SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas) em 27 capitais brasileiras, revelou que 22% dos universitários que utilizam álcool correm risco de desenvolver dependência.

No Papo de Mãe

A droga é um fenômeno de muitas dimensões e complexidades, que pode estar presente em qualquer família de qualquer classe social. E quanto mais cedo iniciado o seu uso, piores as conseqüências. Por ser muito vulnerável, tudo que o jovem fizer nesta fase da vida terá uma grande repercussão. Portanto, por maior que seja a curiosidade, a melhor dica é que nunca se experimente qualquer tipo de droga, pois este pode ser um caminho sem volta.

A psiquiatra e professora da Unifesp Dra. Ana Cecília Marques, fez um alerta sobre a importância do tema para toda a sociedade. A droga é uma questão de saúde pública e com tal deve ser enfrentada com políticas públicas específicas, que envolvem desde a prevenção até a punição. Esta também é a opinião da psicóloga Neide Zanelatto, que acrescenta: “governo e sociedade devem mobilizar-se para desenvolver políticas públicas que favoreçam a diminuição do consumo global de drogas”.

Mas será que as crianças e os adolescentes sabem do risco que estão correndo? E quais são as dúvidas dos pais e das mães desses jovens? E como fica essa questão depois da maioridade? Assista ao Papo de Mãe sobre os FILHOS E O ÁLCOOL.

https://www.youtube.com/watch?v=TxgEsKG7JCs

Assista também ao Papo de Mãe sobre DROGAS.  No programa, batemos um papo muito emocionante com mães que já passaram ou estão passando por esta triste experiência com seus filhos.

Para quem quiser mais informação sobre o assunto uma boa fonte de pesquisa  é o site do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas: http://www.obid.senad.gov.br/. Também é possível telefonar de qualquer parte do país. O número é 0800 510 0015 e a ligação é gratuita. Indicamos também o http://www.uniad.org.br/ e o http://www.abead.com.br/.




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