As educadoras e autoras do livro Superblack, o Poder da Representatividade, Tatiane Santos e Renata Oliveira, falam sobre a importância de uma educação antirracista
Mariana Kotscho* Publicado em 23/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h11
A inspiração veio do Lucas, filho mais velho da educadora Tatiane Santos, que também é mãe de Noah Akin, de 2 meses. Um menino negro que não se via nos livros infantis. Então, a mãe fez dele mesmo um personagem: o Superblack.
Tatiane, que é também consultora antirracismo criou o personagem que logo ganhou forma com a ilustradora Pamella Paixão e história, com a também educadora e amiga Renata Oliveira. “É a história de um menino que tem o poder da representatividade”, conta Tatiane. Logo na capa, o pequeno super-herói levanta um pente-dente, que é um dos acessórios ideais para cuidar do seu cabelo black.
A luta antirracista é urgente e deve ser permanente, uma luta de toda sociedade. A ideia é que o livro seja adotado pelas escolas. É possível comprar on-line no instagram @superblack.oficial.
“Depois que me tornei mãe, a questão da representatividade ficou ainda mais forte pra mim”, conta Tatiane.
Para Renata Oliveira, a representatividade precisa estar em todas as escolas. “Para crianças isso é fundamental, quando você leva representatividade pra sala de aula todos são contemplados: as crianças negras conseguem se reconhecer, se identificar, se enxergar. E as crianças brancas aprendem que não existe só um tipo de personagem, passam a pensar nisso, a perceber”. Renata é mãe do Pedro, de 3 anos.
“A educação antirracista vai ajudar meu filho a se reconhecer e aprender a história como ela foi. Eu preciso educar meu filho a ser forte, respeitar e ser respeitado, a lutar por seus direitos e que ele pode ser o que ele quiser”, diz Tatiane, mãe negra.
“Enquanto mãe branca o que quero é que meu filho não reproduza coisas que acontecem cotidianamente por ignorância ou discriminação. Não quero que meu filho siga reproduzindo essas coisas, quero que ele aprenda a respeitar as pessoas. Por exemplo: é muito comum uma criança negra ganhar uma boneca branca e isso não causar um estranhamento. Mas quando a criança branca ganha uma boneca negra, isso causa estranhamento. Por que? Não deve ser assim”, diz Renata, mãe branca.
Tatiane ressalta a diferença entre preconceito e racismo: “Racismo é racismo, preconceito é outra coisa”.
“O livro traz o personagem negro enquanto protagonista, que tem o poder da representatividade e de mostrar para as pessoas a importância da autoestima e do respeito”, resumem as autoras.
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*Mariana Kotscho é jornalista e apresentadora do Papo de Mãe