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Saiba o que muda para os estudantes com os vestibulares online

Os vestibulares para grandes universidades do país foram impactados pela pandemia da Covid-19

Raphael Preto Pereira* Publicado em 09/03/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h16

Vestibulandos e o ensino remoto: Os impactos da pandemia também nos estudos
Vestibulandos e o ensino remoto: Os impactos da pandemia também nos estudos

Os vestibulares para grandes universidades do país foram impactados pela pandemia da Covid-19. Além do adiamento do Enem e as novas datas das provas da Fuvest, Unesp e da Unicamp, algumas faculdades particulares optaram pelo processo de seleção online, que pode ser realizado da casa do estudante. 

Candidatos aos processos seletivos relatam que além das dificuldades que passaram para se adaptar ao ensino remoto, também precisaram se acostumar com essa nova forma de avaliação, que trouxe incertezas para professores e estudantes. 

Vinicius Junqueira, que prestou o vestibular online da Fundação Getúlio Vargas, conta que identificou uma grande preocupação da faculdade em manter a isonomia no processo seletivo “foram tomados cuidados como abertura de câmera e áudio, além de um programa que impedia a mudança de tela durante as provas algo que certamente impediu muito as tentativas de cola e auxiliaram na transparência do processo”, explica o estudante, que durante o ano de 2020 fez o cursinho Objetivo, totalmente online.

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Na primeira fase do exame as questões foram de múltipla escolha. Já na segunda fase do vestibular, os  candidatos tiveram que mostrar a folha em que resolviam as questões de exatas. Segundo Vinícius, era uma maneira de evitar fraudes. 

A Fundação Getúlio Vargas informou que não pode tornar público o custo total do vestibular online, mas adianta que as despesas foram maiores em comparação com modelos de seleção presenciais. A instituição relata que houve gastos adicionais com softwares específicos e profissionais preparados especificamente para a avaliação online.    

O estudante Pedro Henrique Sampaio , que pretende prestar a Fuvest este ano, desde o ano passado sua preparação é exclusivamente online. “Estou me dedicando para os vestibulares desde o começo do ensino médio, agora no terceiro ano especificamente estou me apoiando nas aulas e materiais (exercícios e atividades extras) disponibilizados pela escola na plataforma online além dos simulados”, explica o estudante do Colégio Agostiniano São José.

O estudante Gustavo Dolci, do mesmo colégio, confessa que também está aprendendo a buscar novas formas de estudo, por conta da pandemia. “A preparação para o vestibular tem sido um grande desafio, principalmente pois mais da metade do meu ensino médio foi feita a distância devido à pandemia da Covid-19, no entanto, visando a aprovação em universidades concorridas não pude postergar os estudos e nem tampouco abrir mão de acompanhar as aulas do colégio. E também entendi como é necessário buscar outras formas de estudo. O ensino online obriga a gente a encontrar novos repertórios e experiências.” acredita.

Ambos os estudantes participaram de olimpíadas de ciências e matemática durante o ano passado, todo o processo foi online.  

Para quem precisa orientar os estudantes levando em conta o novo modelo os desafios já aparecem. “ A prova  é uma maratona e o estudante é treinado. Ensinamos ele a usar todas as ferramentas possíveis. Folha de rascunho, canetas de cores diferentes para grifar, e agora, ele não tem nada disso”, explica o coordenador de inteligência educacional do Sistema Poliedro de Ensino, Fernando Santo. 

Ele acredita  que a transformação é permanente. “Veio para ficar. Até mesmo o Enem já anunciou que até 2028 será inteiramente digital. Então, não é um movimento só de universidades de elite. O Enem serve de porta de entrada para muitas universidades públicas”, explica .

Fernando também identifica mudanças no perfil das questões cobradas nos exames online. “Nas questões de humanas, por exemplo, as coisas não mudam muito. A estratégia continua sendo ler o texto e prestar muita atenção. Agora no caso de exatas, onde muitas vezes é necessário usar papel e folha de rascunho para fazer as contas, a coisa muda um pouco. As bancas examinadoras vão ter que definir se querem cobrar do estudante o raciocínio lógico, ou o resultado da conta em sí”, diz o educador. 

A maioria das universidades públicas entretanto manteve o modelo tradicional da seleção. O coordenador do vestibular da Unicamp professor José Alves de Freitas Neto disse que a instituição optou por assegurar a avaliação presencial por considerar que: “A manutenção do vestibular, com as devidas adaptações, era um desejo dos estudantes. E garantir o calendário foi uma forma dos jovens estabelecerem uma rotina de estudos em um cenário de tantas incertezas”, disse o professor. 

Em nota enviada para a reportagem, a instituição também afirmou considerar que a manutenção do modelo tradicional do vestibular garante maior equidade  pois, segundo a universidade:  “Uma prova online prejudicaria os estudantes mais pobres que não teriam acesso à internet ou equipamentos adequados durante a realização do exame. O princípio da isonomia é básico na disputa por uma vaga pública.”

 A pandemia segue alterando as datas de vestibulares. A Unesp cancelou a segunda fase do vestibular por conta do novo coronavírus, ainda não há definição para realização. 

*Raphael Preto Pereira é jornalista

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