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Rio pode conviver com racionamento a partir de agosto, diz especialista

Roberta Manreza Publicado em 18/02/2015, às 00h00 - Atualizado às 12h26

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18 de fevereiro de 2015


Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil Edição: Marcos Chagas
Barra do Piraí - Estiagem o rio Paraíba do Sul na cidade de Barra do Piraí, no estado do Rio de Janeiro.

Governo do Rio planeja o reflorestamento das margens do Paraíba do Sul, um dos mananciais que abastecem o estadoAgência Brasil/Tomaz Silva

Há pouco mais de um mês para o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, a escassez do recurso preocupa moradores das principais cidades do Sudeste. Em São Paulo, enquanto o governo estuda um possível racionamento, no Rio de Janeiro, especialistas alertam para intervenções que podem evitar uma crise de abastecimento, como o reflorestamento e pequenas obras para facilitar a penetração da água no solo, que acaba escorrendo para o mar.

O desabastecimento de água no estado deve ser enfrentado ainda em 2015, alerta o coordenador do curso de especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Adacto Ottoni. Na previsão dele, se as chuvas não se intensificarem, o risco é que a população sofra um racionamento a partir de agosto. A Prefeitura  do Rio de Janeiro não descarta medidas para a economia de água e de energia. O estado convive com a pior seca dos últimos 84 anos, segundo a Secretaria Estadual do Ambiente.

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“Se cair pouca chuva [até abril, antes do período de estiagem], podemos ter um colapso. Se não for neste ano [agosto], será no ano que vem, quando as Olimpíadas [2016] coincidem com o período de seca e haverá dezenas de milhares de pessoas no Rio”, destacou Ottoni, que é também assessor de meio ambiente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ).

Segundo ele, apesar de as chuvas serem determinantes para o futuro da população fluminense, o grande problema de abastecimento hoje é a degradação das bacias hidrográficas, que não conseguem mais reter a água e infiltrá-la na terra, nos lençóis freáticos. “Não adianta chover para ter água se não tiver floresta para reter. A água gera enchente, inundação e depois a população fica sem. Ou seja, convive com racionamento e com a enchente”, disse, lembrando que a floresta também amortece enxurradas, que provocam desabamentos.

Essa também é a avaliação da vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), Vera Lúcia Teixeira, que desde 2013 alerta para a situação dos rios que abastecem São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.  “O que a gente não vê é como recuperar e revitalizar essa bacia”, ressaltou. A seu ver faltam propostas concretas tanto do governo federal quanto do governo estadual. O comitê só faz recomendações e depende de políticas municipais e estaduais, como o saneamento. “Precisamos retirar o esgoto dos rios e os investimentos são poucos”, ressalta.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou na segunda-feira (9), a liberação de R$ 360 milhões de R$ 930 milhões previstos para um plano de segurança hídrica até 2050, ainda em elaboração. O governo estadual planeja obras de saneamento básico da Região Metropolitana, incluindo a Baixada Fluminense – região que frequentemente sofre ora com torneiras secas, ora com enchentes -,  além do reflorestamento das margens dos rios Paraíba do Sul e Guandu.

Para evitar uma crise de desabastecimento, nos últimos dias a Prefeitura do Rio de Janeiro criou um grupo de trabalho. O prefeito, Eduardo Paes,  não descarta medidas para a economia de água e energia. “Talvez, vamos fazer isso depois do carnaval”, declarou. “O Brasil tem uma cultura de natureza abundante e isso acaba em muito desperdício”, completou.




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