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Paraisópolis faz 100 anos e projeto Favelas do Brincar realiza ação dedicada às crianças

Em comemoração ao centenário, o projeto traz cor e alegria para crianças da comunidade. Caroline Rego, diretora de estratégia do Favelas do Brincar, fala sobre ação

Ana Beatriz Gonçalves* Publicado em 16/09/2021, às 16h34 - Atualizado às 18h34

Movimento Unidos pelo Brincar inaugura espaço especial em comemoração aos cem anos da comunidade - João Neto
Movimento Unidos pelo Brincar inaugura espaço especial em comemoração aos cem anos da comunidade - João Neto

Nesta quinta-feira (16), a favela de Paraisópolis, localizada na região extremo sul de São Paulo (SP), completa 100 anos de existência. E para celebrar o marco, o movimento Unidos pelo Brincar, em parceria com G10 Favelas, decidiu presentear os moradores com um espaço dedicado às crianças.

"O objetivo do projeto 'Favelas do Brincar', é impulsionar a aprendizagem através das brincadeiras e abrir caminhos para que organizações, comunidades e governos repliquem o formato em outros territórios", explica Caroline Rego, diretora de estratégia do Movimento Unidos pelo Brincar no Brasil. "Estamos honrados de poder fazer parte de um momento tão importante para a comunidade de Paraisópolis, trazendo este presente super especial para os pais, cuidadores e crianças da comunidade", completa.

De fato, o direito a brincar ao ar livre é o melhor presente que se pode dar a uma criança que vive na periferia. A mais recente pesquisa feita pelo movimento, em parceria com a Data Favela e o Instituto Locomotiva, divulgada em primeira mão pelo Papo de Mãe, mostrou que as crianças e as mães, são as mais afetadas pela violência e a guerra do combate às drogas.

"Nunca deixei ela brincar na rua porque tenho medo. Ela pedia muito, mas eu explicava... Aqui é outra realidade, para ser sincera, eu tenho mais medo da polícia do que os bandidos mesmo", contou Ednalda, 31, mãe da Rayssa, de 5 anos, em reportagem ao Papo de Mãe na ocasião.

Com intervenções lúdicas, jogos e brincadeiras que promovem o desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos pequenos, a ação do Favelas do Brincar ressalta a importância desse olhar para as crianças. Um olhar de cuidado, afeto e atenção.

"Considerando o fato de que a primeira infância é uma fase chave para o desenvolvimento integral das crianças, projetos como o 'Favelas do Brincar', que proporcionam espaços dedicados ao brincar, são um primeiro passo para um futuro melhor para todos nós", explica Caroline.

Favelas do Brincar
Ação aconteceu na manhã desta quinta-feira (16). (Foto: João Neto)

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A diretora de estratégia do Movimento lembra outro aspecto da pesquisa "O brincar nas favelas brasileiras". Segundo ela,a falta de espaços públicos dedicados ao brincar, principalmente em comunidades como Paraisópolis, é uma das grandes barreiras que as famílias encontram para brincar com as crianças.

Em um estudo realizo especificamente na comunidade de Paraisópolis, mostrou também que 96,9% dos entrevistados concordam  a frase: "Se houvesse um parquinho ou um espaço para brincar mais perto de casa, eu brincaria mais com a criança".

Nós entendemos que ouvir a comunidade é essencial antes de propor qualquer ação como esta, e os grupos focais que realizamos também levantaram questões muito pertinentes sobre os desafios que as famílias têm enfrentado com relação à saúde mental das crianças neste período tão complicado, e propiciar momentos lúdicos dentro da própria comunidade também oferece um alento nesse sentido". (Caroline Rego)

Sem excluir o contexto pandêmico vivido no último um ano e meio, que fez com que milhares de crianças ficassem sem o acesso à escola, e consequentemente o brincar fora de casa, a porta-voz do Unidos pelo Brincar diz acreditar que as próximas pesquisas revelem uma pequena melhora.

"Sabemos que o impacto da pandemia nas crianças foi enorme em vários sentidos, e evidentemente muito maior em comunidades como Paraisópolis. O retorno ao espaço escolar, se feito de forma segura, pode propiciar aos alunos, oportunidades mais abundantes para interações sociais, e para momentos de aprendizagem lúdica difíceis de serem replicados no ensino remoto", aponta.

Caroline também fez um adendo importante: mesmo com perspectivas positivas, no entanto, é preciso estarmos atentos a esse momento de transição de volta ao ensino presencial. "Vai demandar uma nova adaptação das crianças e das famílias a esse novo contexto", pontua.

Favelas do Brincar
Paraisópolis ganhou cor em manhã cinzenta de São Paulo. (Foto: João Neto)

*Ana Beatriz Gonçalves é jornalista e repórter do Papo de Mãe


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