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Para quem quer engravidar, o câncer não é impeditivo, entenda

A importância da preservação da fertilidade como parte da conduta de cuidados oncológicos

Redação Papo de Mãe Publicado em 08/06/2021, às 12h22

Mulheres podem engravidar após câncer, apontam estudos.
Mulheres podem engravidar após câncer, apontam estudos.

Pesquisas feitas pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), apontam que o Brasil deve registrar 625 mil novos casos de câncer em 2021, sendo que pouco mais da metade deles, 316.280, afetarão o gênero feminino, sendo o câncer de mama o mais incidente. 

Os diagnósticos de câncer também aumentam entre pessoas mais jovens, estima-se que 7% dos casos de câncer de mama atinjam mulheres abaixo dos 40 anos. A ideia de que o câncer pode impactar, dependendo da situação, futuras chances de gravidez, não é verdade segundo especialistas, e existe uma área que busca preservar essa fertilidade: a oncofertilidade. 

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A especialidade conecta a oncologia à medicina reprodutiva, com o objetivo de preservar a fertilidade de pacientes, como explica a Dra. Michelle Samora, oncologista do CPO Oncoclínicas. "No Brasil, cerca de 19% dos casos novos de câncer em mulheres ocorrem em pacientes de até 44 anos de idade e 21% até os 49 anos, período considerado fértil para cerca de 90% das mulheres. Na faixa etária de 20 a 39 anos, alguns dos tumores mais incidentes são câncer de mama, colo uterino e ovário, todos os que podem afetar a fertilidade", afirma. 

A oncologista ainda conta que alguns tratamentos indicados para combate ao câncer podem afetar de alguma forma a fertilidade, provocando sintomas como menopausa precoce e dificultando a gravidez. Mas ainda, o maior fantasma é o impacto psicológico que este risco gera entre pacientes. "Sabemos que todoss oss pacientes em idade reprodutiva podem ter a sua fertilidade comprometida, seja pelo tratamento cirúrgico, por tumor de ovário, de testículos ou através da quimioterapia em si. Qualquer tratamento oncológico pode influenciar na incidência de infertilidade do paciente", diz Samora. 

Segundo o Hospital A C. C. Camargo - Center Cancer, o tratamento contra o câncer de mama pode evoluir para a infertilidade em pelo menos, cerca de 40% a 50% dos casos. Isso varia conforme o tipo de tratamento empregado, e a idade da paciente. Mulheres muito jovens, por exemplo, têm uma chance maior de retorno natural da fertilidade, mas também devem realizar a preservação dos óvulos.

Existem diversos tratamentos para preservar a fertilidade, e um deles é a criopreservação, que basicamente é um processo de resfriamento e manutenção dos embriões em 190ºC negativos. "O princípio básico da criopreservação é o de manutenção da viabilidade e da função celular após o descongelamento. Neste método, há a criopreservação de embriões", explica Dra. Michelle Samora. 

Outro caso é a criopreservação de ovócitos, que dará origem ao óvulo feminino. A técnica, conforme explica a especialista, tem a vantagem de eliminar a necessidade de um parceiro ou sêmen de doador, o que promove a autonomia reprodutiva feminina.

Uma outra alternativa, ainda experimental, seria o transplante de tecido ovariano. E há ainda a transposição do ovário, que desloca os ovários do campo de incidência da radioterapia, usualmente acima da cavidade pélvica. Este método é utilizado nos casos, por exemplo, de câncer de colo de útero.

De todos eles, o mais importante, destaca a Dra. Michelle Samora, é mesmo que a mulher se informe e busque as principais alternativas para as suas condições, com médicos de confiança. "Fundamental é mesmo saber que o câncer não é mais necessariamente um impeditivo no destino das mulheres que querem engravidar", ressalta.

Confira o Papo de Mãe sobre fertilidade em mulheres com câncer: 

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