Papo de Mãe

Os perigos de deixar as crianças dormirem na cadeirinha e no bebê conforto

Roberta Manreza Publicado em 17/08/2015, às 00h00 - Atualizado em 29/03/2017, às 10h04

Imagem Os perigos de deixar as crianças dormirem na cadeirinha e no bebê conforto
17 de agosto de 2015


Estudo investiga mortes de bebês e crianças menores de 2 anos. Mais da metade dos óbitos foram causados por estrangulamento no cinto de segurança

Por Naíma Saleh Crescer

Cadeirinha de carro (Foto: Shutterstock)

Uma das técnicas mais utilizadas pelos pais para fazer as crianças pegarem no sono é levá-las para dar uma voltinha de carro. O ronco do motor, o balanço suave… Tudo parece conspirar para embalar o sono dos pequenos. Depois que a criança (finalmente) dorme, muitos apenas tiram a cadeirinha ou o bebê conforto do carro e deixam os filhos descansando ali mesmo. Você também faz isso? Pois não deveria. Um estudo publicado no The Journal of Pediatrics analisou casos de mortes infantis relacionadas a caderinhas e assentos de carro. A conclusão dos especialistas é que esses acessórios não foram projetados para que bebês e crianças durmam neles. “O grande alerta desse estudo é para que os pais não utilizem esses dispositivos dentro de casa. Mas se bem usados, no carro, eles são excelentes e podem prevenir muitos acidentes”, explica o pediatra Nelson Horigoshi, responsável pela UTI do Hospital Infantil Sabará (SP).

A pesquisa analisou 47 casos de morte de crianças menores de 2 anos. Cerca de dois terços das ocorrências envolviam assentos de carro, sendo que 52% das mortes foram causadas por estrangulamento no cinto de segurança.  Apenas um dos casos, não foi ocasionado por asfixia. “Nessas cadeirinhas de carro, as crianças ficam tortinhas porque os assentos são curvos. Isso pode contribuir para um estrangulamento ou uma asfixia posicional”, explica Horigoshi. Isso acontece porque quando a criança dorme, o pescoço muda de posição – geralmente fica caído para frente ou para um dos lados. Desse modo ela pode ter uma obstrução ou acabar sendo estrangulada pelo próprio cinto.

Os demais casos de óbito investigados aconteceram em slings, balanços, carrinho e cadeirinhas de descanso. De acordo com os dados investigados pelo pesquisadores, o intervalo entre a última vez em que a criança foi vista com vida e a descoberta do óbito variou de 4 minutos até 11 horas. Ou seja, poucos minutos podem ser suficientes para que o pior aconteça. “O próprio chacoalhar do carro pode provocar o deslocamento do pescoço quando a criança dorme. Quanto menor a criança, mais perigoso”, ressalta Horigoshi. Por isso, principalmente enquanto os bebês são muito pequenos – e viajam com a cadeirinha voltada para traseira do carro – o ideal é que eles não fiquem sozinhos no banco de trás. Uma simples regurgitada pode acabar sufocando o pequeno sem que o motorista, que deve estar atento ao trânsito, se dê conta.

Fora do carro, para a coordenadora da Organização Criança Segura o bebê conforto é o que traz mais risco. “Como a base é arredondada, quando ele é colocado sobre uma superfície lisa, como uma mesa, pode se inclinar com qualquer mexidinha do bebê. Há casos de crianças colocadas lugares altos que caíram no chão”, explica. Por isso, a dica é sempre colocar o bebê conforto no chão, para diminuir os riscos. Outro erro que muitos pais cometem, ao deixarem os filhos dormindo nesses dispositivos, é afrouxar o cinto, para não apertar a criança, o que pode permitir que ela escorregue por baixo e se seja estrangulada pelo cinto. Quando bebês e crianças dormem, é necessário tomar alguns cuidados básicos para prevenir acidentes – confira o box com mais detalhes ao fim da matéria.

Mais segurança nas cadeirinhas

Cadeirinha (Foto: Thinkstock)

Hoje a maioria das cadeirinhas é fixada pelo cinto de segurança. Não é tarefa das mais fáceis prendê-las da maneira correta, o que pode se tornar um perigo porque nem todo mundo tem paciência para ler o manual inteiro e seguir o passo a passo. “É muito comum os pais acabarem instalando a cadeirinha sem lerem as instruções.  Isso é um problema muito grande, porque o assento não é retido em caso de acidente”, explica Gabriela. Para ter certeza de que a cadeirinha está bem presa, force o deslocamento para os lados e para frente – o ideal é que é o dispositivo não se mova mais do que a distância de dois dedos. “Uma boa dica para checar a instalação é forçar a cadeirinha no banco, fazendo peso com o joelho para tirar aquela folguinha do cinto. Assim, você simula se a cadeirinha vai estar de fato bem presa quando tiver o peso da criança em cima”, completa.

Outro cuidado importante é respeitar as dimensões estabelecidas pelos fabricantes no que diz respeito ao peso e à altura da criança. “Esses dispositivos têm como função básica proteger o eixo ‘cabeça, pescoço e coluna’. A cadeirinha tem que fazer uma conchinha em volta desse centro. Se a gente não respeita o tamanho da criança, quando o topo da cabeça começa a ficar de fora, perde-se um pouco da proteção”, explica Gabriela. Confira aqui quais são os parâmetros que devem ser seguidos.

Redução de riscos

Para minimizar os acidentes causados pela má-fixação, o Inmetro anunciou em outubro do ano passado que está em processo de regulamentação do Isofix, um mecanismo que permite prender a cadeirinha diretamente no chassi do carro através de duas barras de ferro. “É um método mais seguro  porque minimiza os erros de fixação . O inconveniente é que não dá para trocar a cadeirinha de carro”, comenta Robledo. Espera-se que o Inmetro conclua o processo em um prazo de um a dois anos.

Cuidados na hora de colocar a criança para dormir
Segundo as recomendações da Academia Americana de Pediatria, os pais devem seguir um ABC na hora de colocar os filhos para dormir:
A de alone: o bebê deve estar sozinho – nada de dividir a cama com ele! Seja para uma soneca, seja para dormir a noite toda.
B de back: os bebês sempre devem dormir apoiados nas costas, com a barriga para cima, o que diminui os riscos de Síndrome da Morte Súbita Infantil;
C de crib: a criança deve dormir apenas no berço. Ele deve ter um colchão firme e um lençol que se ajuste certinho, sem sair. Além disso, não deve haver nada além do bebê: travesseiros, cobertores e bichinhos aumentam o risco de asfixia.

Dica: Assista ao Papo de Mãe sobre Segurança Infantil




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