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Organizações que solucionam problemas mundiais: de que forma você enxerga o outro?

Thaissa Alvarenga, da ONG Nosso Olhar, fala de seu trabalho como empreendedora social e sobre a importância de enxergar o outro

Thaissa Alvarenga* Publicado em 24/08/2021, às 16h02

Thaissa Alvarenga e os filhos
Thaissa Alvarenga e os filhos

Foi uma honra participar do Festival Conhecendo Os ODS Digital realizado totalmente online, entre os dias 9 a 13 de agosto. Admirável ver como os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU estão totalmente interligados; e para que “um” tenha sucesso, os “outros” também precisam ter. Convidada para falar no tópico sobre Organizações que solucionam problemas mundiais, tive um momento muito especial de modo pessoal e também como empreendedora social. Com a fala de Helena Pavese, da Plastic Bank, com quem tive o prazer de dividir o tempo, pude aprender de modo bem direto como posso contribuir para usar o plástico de maneira que tenha um impacto negativo no meio ambiente. Neste bate-papo intermediado por Juliana Bontorim, conheci o poder do evento, que tem como pauta a Agenda 2030, e para que alcance todo tipo de público, por meio de webinars, oficinas e trocas de experiências. 

Brevemente contei a minha história, que hoje está ligada a centenas de pessoas que também lutam pela causa da inclusão. Há 3 anos, eu quis transformar a história dos meus filhos, Francisco, Maria Antonia e Maria Clara, em personagens e eu tive a honra de levar esta ideia para a equipe do Ziraldo. O projeto nasceu em  21 março deste ano, o dia da síndrome de Down: a aventura de Chico e as Marias sendo amigos do Menino Maluquinho, um ícone da literatura.

Nesta roda de conversa, a jornalista Juliana, nossa mediadora, contou também que tem uma irmã mais nova com deficiência e que, ao ouvir o que eu falava, ficou imaginando os desafios que sua mãe deve ter vivido. E uma pergunta levantou uma questão essencial, com resposta simples: as crianças são a chave. Crianças que são ensinadas a ter o olhar inclusivo se tornarão adultos que vão conviver com pessoas com deficiência, enxergando todas as suas características de maneira positiva.  É a convivência que traz esta mudança socioemocional.

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Helena Pavese, que também tem uma filha pequena, levantou um tópico importante: a dificuldade de tirar as crianças da bolha e trazê-las para enxergarem as diversidades e desafios que afligem a nossa sociedade. 

Outra realidade abordada foi como a deficiência tem um impacto em famílias com situações financeiras diferentes. Na maioria das vezes, mães e pais de baixa renda não tiveram uma educação básica, não conseguem acessar terapias específicas para seus filhos com deficiência e talvez nem tenham obtido o diagnóstico correto.  

Em 2006 tivemos a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD) pela Organização das Nações Unidas (ONU) e em 2015 entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que prevê a educação inclusiva nas escolas. Porém ainda estamos muito longe de conviver em ambientes inclusivos. Precisamos que a sociedade entenda e conviva com pessoas com deficiência e suas famílias e este é o objetivo da ONG Nosso Olhar e da Cartilha, porque não basta apenas nós seguirmos a lei, é essencial a vivência e promover diversas discussões. Trazer material de apoio adaptado para os educadores usarem com aquele ser humano. A pessoa vem antes da deficiência.

*Thaissa Alvarenga é fundadora da ONG Nosso Olhar e tem 3 filhos

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