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O que precisamos saber sobre criopreservação em medicina reprodutiva?

Congelar embriões, óvulos, ou mesmo espermatozoides faz parte da medicina reprodutiva atual

Dr. Roberto Antunes de Azevedo* Publicado em 17/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h22

A evolução das técnicas de congelamento e o aumento das taxas de gravidez
A evolução das técnicas de congelamento e o aumento das taxas de gravidez

O criopreservação é a técnica de congelamento de tecidos e células humanas. Dentro da área da medicina reprodutiva, ela viabiliza o congelamento de embriões, óvulos, espermatozoides, tecido ovariano e testicular!

O primeiro relato de nascimento de um embrião humano que foi congelado anteriormente data de 1984, quando Allan Trounson publicou o feito. De lá para cá, as técnicas de congelamento melhoraram muito, atualmente sendo vitais para que possamos evitar processos de hiperestimulação ovariana, programação do melhor momento de transferência embrionária, fazer o acúmulo de óvulos para pacientes que estejam postergando gravidez, ou mesmo preservando gametas em pacientes que serão submetidos a quimioterapia.

Atualmente, o congelamento é realizado pela técnica de vitrificação. Essa técnica, descrita em 2005 por Kuwayama, permite o congelamento e descongelamento de embriões com sucesso em até 98% das vezes e viabilizou o eficaz congelamento dos óvulos, células que apresentavam resultados muito ruins de descongelamento pelas técnicas anteriores. O nome vitrificação se dá pelo aspecto em vidro fosco que as células congeladas adquirem quando são analisadas à microscopia.

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Sobre o congelamento de óvulos, os primeiros resultados de congelamento deles (ainda pela técnica antiga chamada de Congelamento Lento) eram muito ruins. As taxas de gravidez eram inferiores a 1%. Essa dificuldade toda se dava pela formação de cristais de gelo no interior dos óvulos. Para quem não sabe, esses gametas são a célula que apresenta maior concentração de água do nosso organismo. Tal fato, era letal para os óvulos que eram submetidos aos processos de congelamento lento. Com o advento da vitrificação, a técnica conseguiu evitar a formação desses cristais de gelo intracelulares, com isso, os resultados melhoraram muito. Atualmente, a capacidade de se descongelar um óvulo, e ele estar íntegro é de 80-90%. Além disso, uma vez que ele descongele bem, o mesmo mantém as mesmas características e capacidades de um óvulo que nunca tenha sido congelado. Essa mudança possibilitou que oferecêssemos o processo de congelamento de óvulos para pacientes que desejem postergar a gravidez, ou mesmo para pacientes que irão se submeter a processos de quimio, ou radioterapia e correm o risco de entrar em menopausa. Em 2013, a Sociedade americana de medicina reprodutiva reconheceu o processo de congelamento de óvulos como um tratamento a ser oferecido formalmente para as pacientes.

Congelar embriões, óvulos, ou mesmo espermatozoides faz parte da medicina reprodutiva atual. Ajuda a programar transferências embrionárias com maiores taxas de gravidez, permite que os processos de análise genética embrionária sejam feitos com calma, gera segurança para pacientes que possuam respostas ovarianas grandes ao estímulo para FIV e estejam em risco de hiperestímulo.

Concluindo, bons processos de congelamento ajudam a melhorar muito as taxas de sucesso nos tratamentos de infertilidade!

*Dr. Roberto Antunes de Azevedo
Graduado em Medicina com Especialização em Reprodução Assistida e Endoscopia Ginecológica. Mestre em Ciências da Saúde, com ênfase em Fisiologia endócrina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Diretor Médico da FERTIPRAXIS Centro de Reprodução Humana, Diretor da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Rio de Janeiro e Diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida- SBRA.
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