Papo de Mãe
» VOCÊ NO PAPO

O que já não me serve

Nathalia Homem de Mello compartilha reflexões sobre momentos de sua vida e o que já não serve mais para ela

Nathalia Homem de Mello* Publicado em 13/06/2022, às 13h37 - Atualizado às 13h46

Imagem O que já não me serve

Mamãe, já reparou que o tempo passa num piscar de olhos? Minha filha mais velha me perguntou.

Antes de responder, milhares de coisas passaram pela minha cabeça. Trabalhei por 15 anos na carreira corporativa e nunca dediquei muito tempo para pensar o quanto o que se espera de uma mãe, neste ambiente, era distante do quanto eu queria estar perto das minhas filhas.

Veio a pandemia e minha vida mudou, como tantas outras. A rotina piloto-automático que eu vivia não me permitia enxergar o quão afastada eu me encontrava da dinâmica da minha família. Privilegiada por ter uma rede de apoio estruturada e um marido presente e participativo, eu era aquela, que provavelmente, não estaria na natação, na saída da escola nem nas tarefas do dia-a-dia da casa.

Podia dizer que isso me acendeu uma luz e eu rompi com aquela realidade, mas não foi o caso. Primeiro, que não fui eu quem rompeu o ciclo, foram as circunstâncias, e me vi sem saída. Segundo, que a minha ficha caiu - cringe, eu sei - tempos depois.

Estando mais presente em casa, mesmo que da forma compulsória que a pandemia nos impôs, eu pude compreender o quão desconectada eu estava das necessidades e das rotinas das minhas filhas - na época com 6 e 3 anos.

Tudo aconteceu de forma muito natural - mas não sem medo e insegurança - e eu fui me permitindo, aos poucos, viver o “luto” da saída abrupta e me conectando com pessoas e com uma nova realidade do mercado e de estilo de vida, que até então era impensável para a minha carreira.

Veja tembém 

Sabemos que a pandemia acelerou o movimento da Open Talent Economy, que basicamente consiste em relações de trabalho sem amarras, mais autônomas e flexíveis. E eu me encontrei vivendo uma nova realidade. Justo eu, que sou a pessoa mais controladora que conheço.

O processo não foi fácil, claro.

“Mas como assim? Te indico para vagas e você não gosta de nada?” Não, não me servem mais.

“Como assim? Você não vai voltar para o mercado?” Não estou fora dele, na verdade.

São muitos sentimentos para processar, mas tenho certeza de que estou mais conectada com os meus valores, trabalhando de forma mais leve, colaborativa e independente através da Ayre, consultoria de marca e comunicação que fundei com a Tatiana Lemos, jornalista fera e, adivinha? Mãe que conheci na saída da escola.

NATHALIA
Nathalia Homem de Mello

*Nathalia Homem de Mello - sócia-fundadora da Ayre, é publicitária formada pela ESPM e pós-graduada pela FGV. Depois de larga experiência no mundo corporativo, atualmente, encontrou na Ayre uma forma de atuar focada na sua expertise, com mais liberdade e emprega nos seus projetos sua personalidade objetiva e colaborativa. Escreve seu cotidiano para o perfil @deuruimnamamae.

Acompanhe o Papo de Mãe nas redes sociais:

Instagram: @papodemaeoficial l Twitter: @papodemae l Facebook

DiversosVocê no Papo