Papo de Mãe

O mito da mulher maternal

Roberta Manreza Publicado em 11/05/2015, às 00h00 - Atualizado em 12/05/2015, às 10h36

Imagem O mito da mulher maternal
11 de maio de 2015


Por Jarid Arraes – Portal Fórum

Nossa cultura ainda insiste em clichês e mentalidades sexistas que ditam a maternidade como algo inato a todas as mulheres. As consequências nocivas dessa lógica são muitas: reduzir todas as mulheres ao papel de mãe faz com que as garotas absorvam, desde cedo, comportamentos limitados e submissos, aguardando o suposto inevitável dia em que se tornarão mães. Mas o que é, afinal, um comportamento materno?

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Existem muitos tipos de mães na nossa sociedade. Há aquelas que adotam métodos educacionais libertários, outras que preferem criar seus filhos em modelos conservadores; há mães que não exercem uma autoridade rígida sobre as crianças ou ainda que são controladoras e até mesmo rudes com seus filhos. O comportamento dessas mulheres varia de acordo com a personalidade e subjetividade de cada uma delas; é por isso que existem tantas formas de ser mãe, variando entre o afeto e a compreensão a até mesmo atitudes violentas e criminosas.

No entanto, a personalidade “maternal” que a sociedade atribui às mulheres se limita aos atos de cuidado e servidão, frequentemente associados a um padrão submisso de comportamento. Não por acaso, esse conceito de maternidade está intimamente relacionado à ideia naturalizada de que mulheres devem ser brandas com os homens, mesmo em situações em que eles são grosseiros ou abusivos. Segundo esses valores machistas, a mulher deve ser paciente, didática e acolhedora. Mulheres que são assertivas, que se posicionam de maneira contundente e que não fazem nenhuma questão de tratar o machismo com panos quentes, acabam sendo hostilizadas, expostas como descontroladas e “histéricas”. E muita gente nem mesmo percebe o sistema misógino escondido por trás desses padrões.

A maternidade não é um dom, tampouco um dom atribuído às mulheres de maneira universal. É preciso entender que muitas mulheres não querem ser mães e que, muitas vezes, suas personalidades e aspirações de vida não estão voltadas para um suposto “instinto materno”. Ser mãe é um processo árduo de aprendizagem. Não existem mães perfeitas e nenhuma mulher nasce sabendo como ser mãe.

Além disso, a própria ideia de postura maternal deve ser objeto de reflexão, sobretudo quando desbanca para mulheres que não são mães ou em contextos onde elas não estão lidando com seus filhos. Nenhuma mulher tem a obrigação de agir como mãe dos seus parceiros, colegas de trabalho ou de debate. Nenhuma mulher é obrigada a tratar homens como filhos, agindo de maneira protetora, infantilizada ou incondicionalmente paciente. Essa lógica machista precisa ser destruída.

É fato que ainda temos muito o que debater e compreender a respeito da maternidade e do papel de cada mãe. Ainda não aprendemos a respeitar as nossas próprias mães e menos ainda as mães dos outros. Ainda são impostas cargas absurdas para que as mães de nossa sociedade carreguem e ainda exigimos delas o impossível. Ainda assim, devemos trabalhar para que as mulheres, sejam elas mães ou não, sejam vistas como indivíduos únicos, singulares e completos, sem a necessidade da maternidade e sem a exigência de um padrão maternal em seus comportamentos.




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