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O Brasil é que atrapalha as pessoas com deficiência

Um levantamento feito pelo Banco Nacional de Empregos (BNE), mostrou as vagas para pessoas com deficiência caíram durante a pandemia no Brasil

Raphael Preto Pereira* Publicado em 21/09/2021, às 15h38

21 de setembro é o dia nacional de luta da pessoa com deficiência
21 de setembro é o dia nacional de luta da pessoa com deficiência

No dia nacional de luta da pessoa com deficiência, celebrado em 21 de setembro, as palavras de ordem são vigilância e reflexão. Nos cabe refletir sobre a natureza dos nossos direitos, além de não cairmos no erro de acreditar que eles estão livres de ataques.

O presidente da república tem sérios problemas com a diferença de qualquer espécie. Isso se reflete em suas escolhas políticas e religiosas. Mas, sobretudo implica numa relação conflituosa daquele que governa com os que são governados.

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O direito a estudar em uma escola comum, que permite experiências agregadoras para todos os estudantes tenham eles ou não alguma deficiência, está sob ataque pois há quem acredite que pessoas com deficiência em salas de aula regulares “atrapalham”.

Num país em que cidadania e consumo infelizmente andam de mãos dadas, os números do mercado de trabalho para pessoas com deficiência também não são animadores. Um levantamento feito pelo Banco Nacional de Empregos (BNE), mostrou que a quantidade de vagas para pessoas com deficiência caiu durante a pandemia.

Segundo os dados, em 2019 a plataforma ofereceu 5.403 vagas exclusivas para pessoas com deficiência. Em 2020 foram apenas 2.222 oportunidades. É verdade, a pandemia forçou muita gente a ficar em casa. Só que muitas pessoas com deficiência já eram forçadas a ficar em casa mesmo antes da pandemia.

Isso acontece porque as pessoas com deficiência precisam de um ecossistema de acessibilidade para conseguirem exercer sua cidadania plenamente. Sua mãe ou avó já caíu de boca num buraco no meio da calçada? Imagine, então o que pode acontecer se um cadeirante se deparar com a mesma situação.

É verdade que o governo poderia aproveitar a quantidade reduzida de gente fora de casa e desenvolver um grande programa de obras públicas com vistas a resolver o problema da acessibilidade em prédios, ruas e calçadas. Além de ser um passo importante para garantir o direito básico de ir e vir das pessoas com deficiência, também mitigaria o nível do desemprego. Mas, corria o risco de dar certo.

Quem apontar o revolucionário que é capaz de pensar em arranjar um emprego quando não tem nem mesmo a garantia de que não voltará para casa todo esculhambado e ensanguentado por conta de sucessivas quedas, ganha um broche com a inscrição “Brasil Acima de Tudo, Deus Acima de Todos”     

 Ir de um lugar para o outro é tão básico que é até chato ficar tendo que escrever artigos sobre isso. Mas é infelizmente, necessário. Porque as pessoas não atrapalham o Brasil. O Brasil é que atrapalha as pessoas com deficiência.  

*Raphael Preto Pereira é jornalista e colaborador do Papo de Mãe

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Papo de Mãe. 


Assista ao Papo de Mãe sobre inclusão no mercado de trabalho.

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