Papo de Mãe

Novembro Roxo: Mês de sensibilização da prematuridade

Roberta Manreza Publicado em 09/11/2017, às 00h00 - Atualizado às 12h54

Imagem Novembro Roxo: Mês de sensibilização da prematuridade
9 de novembro de 2017


Por Dr. Antonio Fernandes Moron, ginecologista e obstetra

Métodos de prevenção e necessidades do prematuro, condição que atinge 340 mil bebês brasileiros anualmente

Novembro é o mês da sensibilização da prematuridade e o Hospital e Maternidade Santa Joana visa conscientizar e informar sobre maneiras de prevenir o parto prematuro, a principal causa de morte de crianças do primeiro mês até os cinco anos de idade. Somente no Hospital e Maternidade Santa Joana 12% dos bebês que nascem são considerados prematuros. Destes, 64% dos bebês necessitam de tratamento na UTI Neonatal, onde 40% dos bebês internados são prematuros.

O último estudo divulgado pela OMS – Organização Mundial da Saúde – mostrou que 15 milhões de bebês nascem antes do tempo por ano no mundo, existindo alta taxa de mortalidade entre eles.

No Hospital e Maternidade Santa Joana, a taxa de sobrevida de bebês que nascem com menos de 750 gramas é de 60%, taxa que aumenta para 95% para bebês que nascem com mais de 1 Kg.

São consideradas prematuras as crianças que nascem antes de completar 37 semanas. Estes recém-nascidos prematuros são classificados da seguinte maneira:

Prematuro extremo: que nascem com menos de 28 semanas;

Muito prematuro: nascidos entre 28 e abaixo de 32 semanas;

Prematuros moderados: nascidos entre 32 semanas e 34 semanas;

Prematuro tardio: nascidos entre 34 e 37 semanas.

Na instituição, 1,6% dos nascidos-vivos são considerados de muito baixo peso, pois possuem peso inferior a 1.500 gramas enquanto 0,6% são considerados de extremo baixo peso, pois são menores que 1000 gramas.

Entre os fatores que contribuem para que um parto prematuro ocorra estão:

  • Doença hipertensiva específica da gestação (DHEG);
  • Gravidez gemelar – gêmeos nascem mais cedo do que em gestações únicas.
  • Parto prematuro prévio – No caso de já ter havido um trabalho de parto prematuro, as chances de ocorrer novamente são maiores.
  • Anomalia uterina e do colo uterino – Útero de tamanho maior ou com anormalidade estrutural pode tornar mais difícil de manter a gestação até o termo. O mesmo acontece se o colo do útero for curto.
  • A gestante ter nascido de um parto prematuro – Estudos indicam que as mulheres que nasceram prematuramente correm maior risco de também terem trabalho de parto prematuro.
  • Idade – Mulheres com menos de 17 anos e acima de 35 correm maior risco de parto prematuro.
  • Intervalo curto entre gestações – ficar grávida antes de 18 meses completos do último parto pode aumentar a possibilidade de parto prematuro.

Também existem condições médicas que podem contribuir grandemente para que um parto prematuro ocorra. Alguns deles são:

  • Infecções vaginais e doenças sexualmente transmissíveis: associadas a quase metade dos casos de trabalhos prematuros. O processo inflamatório libera prostaglandinas, que desencadeiam o trabalho de parto. As infecções urinárias não tratadas também têm o mesmo efeito.
  • Doenças crônicas, como doença renal, hipertensão arterial, diabetes e problemas placentários.
  • Infecções com febre acima de 38 graus durante a gravidez.
  • Hemorragia vaginal após 20 semanas de gravidez.
  • Sobrepeso ou insuficiência de peso antes de engravidar.
  • Trombofilia (distúrbio de coagulação).
  • Estar grávida após a fertilização in vitro.
  • Anemia na gravidez.
  • Complicações de gravidez, como pré-eclâmpsia.
  • Excesso de líquido amniótico, uma condição chamada polidrâmnio.

Prevenção

Doutor Antonio Fernandes Moron, ginecologista e obstetra responsável pelo Departamento de Medicina Fetal do Hospital e Maternidade Santa Joana, explica que uma forma de acompanhar a gestação e prevenir eventuais nascimentos prematuros é o reconhecimento precoce das gestantes de risco por meio da assistência pré-natal bem orientada e associada à avaliação do colo uterino pela ultrassonografia transvaginal. “Neste exame é possível observar alterações na estrutura do colo uterino que resulta no seu encurtamento e dilatação. Quanto mais curto o colo do útero, maior o risco do parto prematuro”, afirma.

Dr. Moron acrescenta que, caso perceba-se que o comprimento do colo do útero esteja diminuindo rapidamente, existe um conjunto de medidas de prevenção do parto prematuro que devem ser tomadas o quanto antes, como repouso domiciliar ou hospitalar. O Hospital e Maternidade Santa Joana dispõe da Unidade de Terapia Semi-Intensiva, indicada, normalmente, para pacientes que precisam de monitorização constante, exatamente pelo risco de parto prematuro. “Ao provermos um acompanhamento intensivo podemos aumentar a possibilidade de estender o tempo da gestação, diminuindo as chances do nascimento de bebês prematuros e a consequente internação na UTI Neonatal”, comenta Dr. Moron. Ele acrescenta que técnicas também são utilizadas para estender a gestação, como o uso de progesterona micronizada, antibióticos nos casos de vaginose bacteriana, uterolíticos para relaxamento uterino, corticoesteróides para estimular a maturidade pulmonar fetal e sulfato de magnésio para neuroproteção são comumente utilizadas. “Descobriu-se que o sulfato de magnésio reduz os riscos de paralisia cerebral em 32%. O Santa Joana foi uma das primeiras maternidades a oferecer esse recurso de neuroproteção”, conta.

Quando a causa da prematuridade é a Insuficiência do Colo Uterino, que ocorre quando o canal cervical não tem capacidade de suportar o peso da gravidez sem se dilatar, existem dois métodos que podem ajudar no adiamento do parto, sendo o mais comum a cerclagem do colo uterino que é a sutura cirúrgica. Outro método mais recente que tem se mostrado eficaz para a prevenção do parto prematuro é o pessário cervical – este tratamento é menos invasivo e consiste na introdução de um anel de silicone na vagina ao redor do colo uterino. Ambos os métodos reduzem em cerca de 30% o nascimento abaixo de 34 semanas. “Há vários tratamentos capazes de adiar o parto até uma fase mais segura. Se houver acompanhamento médico adequado e a realização de todos os exames necessários, é possível diagnosticar alguma intercorrência precocemente e tratá-la para que os riscos de nascimento prematuro sejam minimizados”, finaliza Dr. Moron.

Comprometido com a causa da prematuridade, o Hospital e Maternidade Santa Joana apoia a mais de 14 anos a ONG http://www.viveresorrir.org.br/, entidade sem fins lucrativos, constituída por pessoas da sociedade que se uniram para ajudar a Disciplina de Pediatria Neonatal da UNIFESP/EPM a cumprir uma de suas missões: colaborar para que as crianças prematuras tenham melhores condições de vida.

www.santajoana.com.br.




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