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Guerra na Ucrânia: a reflexão de uma neta de sobreviventes da 2ª Guerra Mundial

A colunista do Papo de Mãe Stella Azulay comenta sobre a guerra na Ucrânia e faz uma reflexão sobre a situação

Maria Cunha* Publicado em 25/02/2022, às 15h05

Stella Azulay é colunista do Papo de Mãe
Stella Azulay é colunista do Papo de Mãe

Stella Azulay é educadora parental, diretora e fundadora da Escola de Pais XD. Mas hoje, em sua coluna no Papo de Mãe, irá se dedicar a falar como, também, neta de sobreviventes da Segunda Guerra Mundial. 

“Eu não podia me calar frente aos acontecimentos que venho assistindo junto com vocês sobre a invasão da Rússia na Ucrânia, sobre uma guerra em pleno ano de 2022, depois de tudo que a gente viveu, depois de uma pandemia, num mundo moderno, num mundo tecnologicamente conectado, onde todo mundo sabe o que está acontecendo do outro lado do mundo”. 

A intenção de Stella é trazer uma reflexão, um insight muito importante, porque, segundo ela, quando assistimos a uma guerra sentados na nossa poltrona, da nossa casa, do conforto do nosso lar, a gente não consegue imaginar e entender o impacto que isso tem na vida de pessoas, em famílias, nas perdas reais e nas dores que isso implica. 

Assista ao vídeo completo:

“Eu cresci escutando meu avô e minha avó contando histórias da Guerra. A Guerra em que eles perderam praticamente a família toda. Aos 16 anos, ele foi sozinho para a floresta lá na Polônia, onde lutou por três anos como combatente para sobreviver e soube que os pais morreram”. 

A bisavó de Stella morreu em um campo de concentração com os irmãos, o bisavô foi assassinado num gueto e, por mais que os avós da colunista tenham sobrevivido, ela conta que eles carregaram traumas nunca curados, impossíveis de serem curados. 

“Eu sou neta destes traumas. Eu sou descendente desta dor. E eu sinto na minha alma, nas minhas entranhas, a dor de quem eu sei que está vivendo uma guerra”. 

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A colunista ainda afirma que a Guerra é sinônimo de morte, de perdas e do maior conflito interno que um ser humano pode viver: a sensação de estar perdido e sentir uma angústia profunda, sem saber o amanhã, se vai estar vivo, quem das pessoas que gostamos está viva, como estão nossos amigos, o lugar que a gente estuda, o lugar que a gente vive. 

“Tudo isso pode acabar da noite pro dia. É claro que ninguém tem garantia de nada, mas o impacto que isso tem no mundo, porque famílias estão sendo afetadas, esta consciência a gente precisa ter. E essa consciência a gente tem a obrigação de passar para os nossos filhos. Nós precisamos conversar com os nossos filhos sobre esse tema para que eles entendam a gravidade disso”. 

A educadora parental completa sua reflexão ao reforçar que uma guerra começa com ódio, autoritarismo, falta de empatia, disputa de poder e competição. Isso só confirma que a guerra não nasce do nada, mas de pessoas que desenvolveram estes sentimentos, esta visão de mundo, que propagam isto e que assumem o poder. 

“São pessoas que têm o poder de provocar isso. Então nós, como pais, como educadores, como formadores de família, temos a obrigação de nós mesmos refletirmos sobre isso, entendermos as consequências de uma guerra e passarmos isso para os nossos filhos desde pequenos. É importante que eles saibam que, no mundo de hoje, isso ainda pode acontecer, mas que o mundo de amanhã está nas mãos deles para que isso não aconteça”. 

Todos nós somos responsáveis pelo mundo que nós vamos deixar para os nossos filhos. Eles são responsáveis pelo futuro que a gente tanto fala e, se a gente quer um mundo sem guerras, se a gente quer um mundo com mais amor, isso começa com cada um de nós. 

“Essa guerra traz para a gente uma grande oportunidade de refletirmos sobre o tal Século XXI, onde a gente acreditou que não assistiria a mais guerras vindas de governos autoritários, de pessoas com poder que não deveria estar com eles, não merecedoras deste poder e que permanecem no poder. Então, fica aqui a minha mensagem para vocês como alguém que viveu de perto a dor de uma família que se perdeu na guerra e que estou construindo a minha muito consciente da minha responsabilidade perante o nundo e essa responsabilidade eu compartilho com você que está me assistindo”.

*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe

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