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FILHOS E O ÁLCOOL – Meninas que bebem – por Rosely Sayão

pmadmin Publicado em 08/05/2012, às 00h00 - Atualizado em 19/09/2014, às 19h33

Imagem FILHOS E O ÁLCOOL – Meninas que bebem – por Rosely Sayão
8 de maio de 2012


Meninas que bebem Por Rosely Sayão*

Fonte:

Folha.com

Garotas entre 14 e 16 anos abusam do álcool para relaxar de toda a pressão que sofrem da família e da escola

Uma pesquisa sobre consumo de bebidas alcoólicas foi realizada em 16 Estados brasileiros pela Universidade Federal de Minas Gerais. O resultado aponta um dado que devemos considerar alarmante: a partir dos 14 anos, meninas consomem mais álcool do que meninos.


Podemos creditar esse fato a um outro, de conhecimento de todos nós: a venda de bebidas alcoólicas, embora proibida para menores de 18 anos, acontece sem a menor cerimônia. Em qualquer bairro ou cidade do país, adolescentes compram o produto de sua preferência sem maiores problemas.

Se essa fosse a causa do problema, a responsabilidade pelo fato grave apontado no levantamento seria toda do Estado: a falta de fiscalização e de punição para os infratores é o que contribui para que a bebida role solta, não é verdade? Ainda assim, não estaríamos livres de nossa responsabilidade: quantas vezes fomos testemunhas dessas vendas e não esboçamos reação alguma?

Entretanto, é um detalhe dessa pesquisa que quero colocar no centro de nossa conversa de hoje. Por que as meninas dessa idade têm usado e abusado do álcool mais do que os meninos? Para essa pergunta não temos uma resposta certa, mas certamente podemos fazer algumas conjecturas.

Olhe para nossas crianças menores de seis anos. Você percebe que há uma diferença enorme entre meninos e meninas? Meninos são moleques: se vestem e se comportam como moleques, têm interesses de moleques e brincam como tal. Já as meninas… Ah…. Elas são pequenas mulheres.

Vestem-se como mulheres, se interessam por assuntos de mulheres feitas e gostam de brincar de ser mulher. Sem uma intervenção firme dos adultos, as meninas pulam a fase da infância com a maior facilidade.

E por falar em intervenção firme dos adultos, temos feito isso, sim, mas no sentido contrário ao que deveríamos fazer. Meninas de nove anos são levadas pelos pais -pelas mães em especial- a comemorar o aniversário em salões de beleza. Elas ganham roupas provocantes e sapatos de salto precocemente, têm seu próprio arsenal de maquiagem etc.Queremos que as meninas sejam adultas logo. Para falar a verdade, nem consigo entender os motivos disso. Afinal, filho criado dá trabalho redobrado, não é isso o que diz o ditado popular?

O resultado da pesquisa pode nos fazer pensar nisso: as meninas, sob intensa pressão social que aponta para uma expectativa de crescimento rápido, estão respondendo a contento.

A bebida alcoólica pode funcionar como mediador social quando ingerida com parcimônia, não é mesmo? Mas há uma condição para que assim seja usada: a autonomia e a maturidade de quem a consome.Garotas entre os 14 e os 16 anos ainda estão em pleno processo de conquista de autonomia e vivendo ainda o seu tempo de amadurecer. Com a ajuda da família e da escola, elas poderão chegar lá. Mas muitas garotas -um número enorme- que vivem essa fase não conta com essa ajuda. Contam é com muita pressão de ambas.


Família e escola têm expectativa muito semelhante: a de que os jovens se empenhem na conquista do êxito escolar como se isso fosse sinalizador de alguma coisa.  Sabemos que não é, mas insistimos nisso.

Uma das maneiras que as garotas têm encontrado para relaxar do estresse a que estão submetidas parece ser, então, a ingestão de bebidas alcoólicas.Realmente, não temos motivo algum para brindar.

*ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de “Como Educar Meu Filho?”

Fonte:

Folha.com

***Leia também:Meninas bebem mais do que garotos no Brasil***#FICADICAA Revista Pais e Filhos de MAIO/2012 traz uma entrevista com Mariana Kotscho. Para acessá-la clique AQUI.




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