A Dra. Ligia Santos dá detalhes sobre a aparição de edema na gestação e diferencia quando o inchaço está associado à gravidez e quando pode ser uma doença
Maria Cunha* Publicado em 21/02/2022, às 16h14
É muito comum ver mulheres no final da gestação, no terceiro trimestre, se queixando que a perna está doendo, inchada, pesada e que é difícil caminhar. A Dra. Ligia Santos, ginecologista e colunista do Papo de Mãe, explica que isso ocorre porque o útero, a medida em que aumenta de tamanho e o bebê vai crescendo, faz com que haja a compressão de alguns vasos do abdômen, principalmente da veia cava, e isso faz com que fique difícil do sangue voltar.
“Aí, acontece da mulher ficar edemaciada, inchada. Esse edema é normal quando ele está nas duas pernas e não está associado a outras coisas”, pontua.
Pensando nisso, a pergunta que fica é: com o que o edema pode estar associado para fazer com que você comece a pensar que talvez não seja fisiológico da gravidez e não seja normal? A médica explica que é preciso prestar atenção em alguns sinais.
“Um dos sinais mais importantes, e é por isso que é fundamental fazer o pré-natal direitinho, é a questão da pressão. Quando o inchaço vem acompanhado de aumento da pressão, e às vezes não é uma pressão super alta, mas uma pressão um pouco mais alta, 14/9, por exemplo, já começa a chamar a atenção de que talvez você esteja desenvolvendo pré-eclâmpsia”, conta a ginecologista.
A pré-eclâmpsia é uma doença hipertensiva gravíssima e está entre as principais causas de mortalidade materna. Por isso, a Dra. Ligia ressalta que é importante a gestante perceber se está ficando inchada, com a perna diferente, o nariz inchado.
“As mãos estão difíceis de fechar, estão inchadas, você tem que tirar a aliança. Fez o exame de pressão, passou no pré-natal e a sua pressão está alterada, você provavelmente vai fazer muito mais exames. Então, vai precisar de uma avaliação de função hepática, renal, ver como é que estão os outros órgãos e como o bebê está, porque isso também vai interferir no bebê”.
Mas, também é possível que você não esteja com a pressão alterada e uma das duas pernas esteja edemaciada e vermelha, além de estar doendo. Nesse caso, a médica explica que existem outras duas doenças que também geram edemas.
A primeira, bem comum na gestação, é a trombose, que pode ser muito grave. Em razão disso, é preciso tomar cuidado, porque a gestante e principalmente as puérperas já têm um estado de hipercoagulabilidade. Assim, é mais comum que exista um problema de trombose.
“Aí você vai precisar fazer o uso de anticoagulantes, é muito importante usar essa medicação, porque ela vai evitar que esses trombos, talvez, se desprendam e formem outro êmbolo, que é quando o trombo sai do lugar e pode ir para outros órgãos, que são vitais, como o coração, causando um infarto, ou cérebro, o que pode levar a um AVC, um derrame cerebral”, relata a colunista do Papo de Mãe.
Outra doença em que os edemas são comuns é a erisipela, uma infecção na qual você vai sentir também o edema de um membro só, dor, e vai perceber que a região está quente e vermelha. Isso pode aumentar e atingir outras camadas do tecido, causar celulite, que é quando ele atinge o tecido adiposo, por exemplo.
“Por isso, se você estiver ficando edemaciada, você tem que pedir ajuda médica e fazer a avaliação correta. A gente percebe o edema visualmente e também através do peso, então, muitas vezes, uma gestante que ganha muito peso pode estar edemaciando, juntando líquido”, conclui a Dra. Ligia Santos.
*Maria Cunha é repórter do Papo de Mãe
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