Papo de Mãe

Dislexia sem mistérios

Como a dislexia ainda é pouco conhecida no País, o acesso à educação segue enfrentando barreiras. Se um professor não conhece o impacto que a dislexia tem no processo de aprendizagem, será muito difícil que ele proponha estratégias que atendam às necessidades dessas crianças

Roberta Manreza Publicado em 14/10/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h25

Imagem Dislexia sem mistérios
14 de outubro de 2020


 Por Instituto ABCD*

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Se você teve dificuldade para ler esse curto parágrafo acima, saiba que mais de 7,8 milhões de pessoas no Brasil têm dislexia e enfrentam dificuldades semelhantes na leitura. Estima-se que esse seja o número de pessoas disléxicas no País, o que corresponde a cerca de 4% da população brasileira.

A maioria dessas pessoas é subdiagnosticada e negligenciada no atendimento de suas necessidades educacionais específicas por ausência de políticas públicas, acesso precário à educação inclusiva e falta de conscientização social.

A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente das palavras e pela baixa habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades geralmente derivam de um déficit no componente fonológico da linguagem, muitas vezes surpreendentequando comparado a outras habilidades cognitivas e ao acesso à aprendizagem. Consequências secundárias podem incluir dificuldades na compreensão de texto e pouca experiência de leitura, podendo impedir o desenvolvimento do vocabulário e do conhecimento geral.

Como a dislexia ainda é pouco conhecida no País, o acesso à educação segue enfrentando barreiras. Se um professor não conhece o impacto que a dislexia tem no processo de aprendizagem, será muito difícil que ele proponha estratégias que atendam às necessidades dessas crianças – e o ensino personalizado é fundamental para o desenvolvimento pleno do aluno com dislexia.

Os pais também se sentem muito desamparados no processo de busca por diagnóstico e acompanhamento.  O acesso ao diagnóstico é uma questão muito importante: em geral, a dislexia leva anos para ser identificada no ambiente escolar e o encaminhamento para especialistas (médicos, fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos) acaba sendo tardio, o que gera dificuldades ainda maiores na aprendizagem e, com frequência, consequências emocionais.

Além disso, há poucos materiais realmente acessíveis para que os familiares compreendam o que é a dislexia e como ajudar crianças disléxicas a aprender. Encontrar profissionais que façam esse tipo de diagnóstico e acompanhamento na rede pública de saúde é outro desafio, pois requer investimento em qualificação e contratação, bem como o fortalecimento de toda a rede de apoio para o acolhimento da pessoa com dislexia.

“A dislexia é uma condição que afeta o aprendizado, mas existem ferramentas e estratégias pedagógicas capazes de fazer com que pessoas com dislexia prosperem na vida acadêmica, social e profissional. Antes de mais nada, precisamos conhecer e usar essas ferramentas e estratégias”, explica Juliana Amorina, diretora presidente do Instituto ABCD.

O Instituto ABCD realiza trabalhos para disseminar informações e ferramentas que auxiliem as pessoas com dislexia a desenvolver toda a sua potencialidade. “É necessário investir na conscientização sobre a dislexia, discutindo suas características, como identificá-la precocemente, quais estratégias pedagógicas são mais eficientes para o ensino e quais ferramentas auxiliam a autonomia de quem vive com ela. Enquanto não alcançarmos um bom nível de conhecimento nessa área, as pessoas com dislexia não terão seus direitos garantidos”, afirma Juliana Amorina.

Por este motivo, A Semana Nacional de Conscientização da Dislexia 2020 promoveu, de 4 a 11 de outubro, uma série de ações virtuais para aproximar a sociedade dessa condição. Inspirada no evento mundial Dyslexia Awareness Week.

E seguindo as ações da Semana da Dislexia, o Instituto ABCD promove hoje, dia 14 de outubro,  duas palestras:  “A importância da intervenção estruturada na aprendizagem da leitura e escrita, com Dr. Charles Haynes que é professor do departamento de Ciências e Transtornos da Comunicação da Faculdade de Ciências da Saúde e Reabilitação do MGH Institute of Health Professions, e “Intervenção especializada na dislexia” com Dra. Cíntia Salgado-Azoni que é fonoaudióloga, professora do curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e coordenadora do Laboratório LEIA. (@lableia). Importante: cada vídeo só ficará disponível por 24 horas. Para se inscrever acesse:

https://semanadadislexia.com/

Juliana Amorina é Diretora Presidente do Instituto ABCD, fonoaudióloga e mestre em saúde da comunicação humana.

*Sobre o Instituto ABCD

O Instituto ABCD é uma instituição sem fins lucrativos que desenvolve ações para melhorar a qualidade de vida das pessoas com dislexia e outros transtornos de aprendizagem, que contribuam com o desenvolvimento e gerem oportunidades para que pessoas com dislexia tenham sucesso na escola, no trabalho e na vida.

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