Papo de Mãe

 Correr atrás de médico ou correr atrás dos filhos?

Fico questionando o tempo todo, porque reclamar da criança que é mais travessa, da criança que não pára um segundo para os adultos trabalharem em home office, cuidar da casa ou poder ler um livro?

Roberta Manreza Publicado em 26/11/2020, às 00h00 - Atualizado às 11h33

Imagem  Correr atrás de médico ou correr atrás dos filhos?
26 de novembro de 2020


“Fico questionando o tempo todo, porque reclamar da criança?”, por Liliene.

Liliane / Foto: Gabriela Palombo

No final da minha gestação em 2017, enquanto contava os dias para o nascimento do Henrique, minha amiga Anna Julia estava em uma sala da UTI (Unidade de Terapia Intensiva), no Hospital Itaci (Instituto de Tratamento do Câncer) com sua filha em São Paulo esperando um grande milagre acontecer.

Clara no hospital.

Quando a sua filha Clara completou 6 meses de vida, foi diagnosticada com uma doença raríssima a OSTEOPETROSE, e a única forma para que ela sobrevivesse seria realizar um transplante de medula óssea, caso encontrasse um doador compatível.

 Foram nove meses de espera e várias internações, cuidados específicos, injeções, medicações dor e sofrimento, no final de 2017 já não havia o que fazer, Clara se encontrava muito debilitada, perdendo as forças e as medicações já estava perdendo os efeitos necessários para a espera de um doador compatível.

Só restava ter fé, só restava a esperança de que algo de bom poderia acontecer. Então, a possibilidade era tentar encontrar um doador 50% compatível. Era a única alternativa.

Quando a Juh contou que não havia mais o que fazer, eu não conseguia acreditar. Ela disse: Lily, ou nós tentamos a cirurgia com um doador compatível 50% e perdemos a Clara ou não fazemos nada e perdemos a Clara.

Era um beco sem saída, mas acreditávamos no MILAGRE, só Deus poderia fazer o milagre!

Os testes mostraram que o pai teria a compatibilidade necessária para realizar a cirurgia, mas não era sucesso garantido, apenas uma tentativa. Hoje a Clara está com 4 anos, a garota MILAGRE, está esbanjando charme, alegria para sua família. Ela está 100% recuperada, seu pai o super herói lhe deu a vida por duas vezes, que demais! Deus ouviu nossas orações.

Clara, 4 anos/ Foto: Clarissa Bianca.

Mediante ao que vi e vivi durante os últimos anos, os lutos, os milagres, as atrocidades que vemos nos jornais ou bem próximos a nós relacionado com as crianças. Fico questionando o tempo todo, porque reclamar da criança que é mais travessa, da criança que não pára um segundo para os adultos trabalharem em home office, cuidar da casa ou poder ler um livro?

E agora mais essa, uma possibilidade de um novo surto da COVID-19, uma loucura para todos nós. Imagine para uma criança que tinha sua rotina de poder ir e vir sem máscara, brincar com os amiguinhos na escola, ver seus avós e se divertir com os primos, de repente ter seu convívio limitado?

No início do isolamento meu coração ficava dilacerado ao ver o Henrique sem poder ter esse contato, por mais que eu dava um pouco de atenção, não era a mesma coisa. Nas redes sociais vejo muitos pais reclamando todo tempo da exaustão por ter que cuidar dos pequenos, eu até entendo, é normal compartilhar essa exaustão uma vez ou outra.

Mas, é melhor correr atrás dos pequenos agora que é só uma fase (isso vai passar), do que só ter a dor da saudade e imaginar como poderia ter sido o futuro deles! Quantas crianças estão 100% isoladas devido ao tratamento em que se encontram nos hospitais, quantos pais dariam tudo para ver os filhos fazendo arte, correndo pela casa, gritando mamãe a cada 5 segundos?

As salas de terapias estão cheias de adultos, jovens e crianças, por causa desse caos que o mundo está vivendo. Mas, calma, respire um pouco, vai passar. Isso vai passar! E, você vai perceber o quão bom foi o tempo em que essa loucura toda possibilitou sua aproximação com seu filho (a). Do quanto a sua presença é importante para ele nesse momento.

Tenha fé, isso vai passar!

Por,  Liliene Santana

Relato da mamãe Anna Júlia Godoy Jamaittis: 

“É exatamente isso! Eu sempre falei pras minhas amigas que reclamavam dos filhos, que chamavam por elas cada 5 minutos, eu só queria isso. Era meu sonho ouvir a Clara gritar Mamãe quantas vezes fossem no dia e ela não podia por causa de uma Traqueostomia que a deixava sem fala… foi terrível!

Hoje ela fala mamãe e papai toda hora, para mim é a maior alegria do mundo!

E respondo com maior amor do mundo toda vez que ela me chama, agora ela está aqui , viva ! Sapeca, pula o dia todo. Isso é uma criança normal, temos que agradecer a Deus por ser assim. E tudo são fases né,  eles crescem, tudo passa ! E iremos sentir uma saudade de apertar o peito , tenho certeza disso , relatou Anna Júlia.




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