Papo de Mãe

Como incentivar seu filho a expressar suas emoções

Se, para nós, adultos, já é complicado entender e lidar com este cenário de receios e incertezas que estamos vivenciando, imagine para uma criança? O medo é um sentimento comum a todos os seres humanos. A diferença é que os adultos já possuem ferramentas racionais e emocionais para compreender e combater o que sentem, enquanto as crianças ainda não têm.

Roberta Manreza Publicado em 10/06/2020, às 00h00 - Atualizado às 11h26

Imagem Como incentivar seu filho a expressar suas emoções
10 de junho de 2020


Por Dra. Cristiane Romano, fonoaudióloga, mestre e doutora em Ciências e Expressividade pela USP

Se, para nós, adultos, já é complicado entender e lidar com este cenário de receios e incertezas que estamos vivenciando, imagine para uma criança? O medo é um sentimento comum a todos os seres humanos. A diferença é que os adultos já possuem ferramentas racionais e emocionais para compreender e combater o que sentem, enquanto as crianças ainda não têm. Mesmo que algumas tenham mais facilidade em se expressar e maior preparo emocional, seja pela própria personalidade como por estímulos externos, o momento atual exige atenção redobrada com os pequenos.

A rotina mudou drasticamente. Seu filho precisa entender a razão. As pessoas estão tensas, e crianças sentem toda essa energia pesada. Mais do que você possa imaginar. Por isso, além de ter muita sensibilidade e observação, você precisa dar espaço e oportunidades para a criança expor, à sua maneira, seus medos, sentimentos e suas milhões de dúvidas sobre o que está acontecendo ao seu redor. Confira algumas dicas que te ajudarão neste processo, motivando seu filho a se expressar e sentir mais liberdade para se comunicar:

Busque um momento apropriado e tranquilo para conversar com seu filho. Explique a situação com uma linguagem apropriada para a idade da criança. É claro que ela vai fazer várias perguntas. Se tiver alguma que você não puder ou não souber responder, diga que vai pesquisar e depois contar para ela. Mas não a deixe sem respostas.

Fique atento ao que seus filhos leem e assistem. A internet e a TV podem atrapalhar a explicação que você deu e deixar a criança ainda mais confusa e assustada. Imponha limites apropriados para o uso dos meios de comunicação. Claro que será inevitável que, em algum momento, ela veja ou ouça algo perturbador. Deixe que ela expresse como entendeu aquela informação e tente achar uma explicação coerente e adequada à sua capacidade de compreensão.

Nunca desconsidere o que a criança está sentindo, dizendo que já é um “homem” ou uma “moça”, que não tem que ter medo de nada ou que isso é uma bobagem. Mostre que você entende seus sentimentos. Essa postura fará com que seu filho sinta abertura para expor suas emoções.

Quando seu filho te procurar para conversar, espontaneamente, dê total atenção. Ouça tudo até o final, sem interrupções. Deixe para emitir suas opiniões somente quando tiver certeza de que ele disse tudo o que precisava.

Quando notar uma mudança de comportamento no seu filho e ele não disser nada, pergunte apenas se aconteceu alguma coisa. Se a resposta for negativa, estará claro que ele não quer falar. Não o force. Diga que, quando quiser conversar, pode te procurar a qualquer hora. Ao longo do dia, passe algumas vezes pelo quarto da criança. Na primeira vez, dê um beijo nela e vá embora, sem dizer nada. Num segundo momento, invente que precisa pegar algo no seu quarto. Essa atitude demonstra proximidade e oferece chances para a criança mudar de ideia e acabar se abrindo.



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