Papo de Mãe

Aleitamento materno protege bebês contra COVID-19

Amamentar é possível em época de COVID e protege bebês.

Roberta Manreza Publicado em 21/12/2020, às 00h00 - Atualizado em 22/12/2020, às 09h41

Imagem Aleitamento materno protege bebês contra COVID-19
21 de dezembro de 2020


Amamentar é possível em época de coronavírus e evita a transmissão e a severidade da doença. 

Hoje o assunto é muito sério. COVID-19.

Diferente do que muitos acreditavam (infelizmente alguns ainda pensam assim), o SARS-CoV-2 trouxe uma doença nova, grave, séria, que vai durar mais do que se imaginava e que mata.

Muitas tentativas foram feitas, sem embasamento científico robusto, sem resultados comprovados, desperdiçando tempo e vidas, e, apesar disso, continuam sendo “testadas”.

Apesar de já ter sido dito muitas vezes, nunca é demais repetir. Até o momento, NÃO EXISTE TRATAMENTO MEDICAMENTOSO PREVENTIVO E NEM CURATIVO ESPECÍFICO EFICAZ CONTRA COVID-19.

Estamos prestes a receber uma vacina contra COVID-19, que já começou a ser aplicada em alguns países no mundo (Estados Unidos, Inglaterra, e outros com programação breve), mas vale lembrar:

– Existe um planejamento progressivo e, possivelmente, nem até o final de 2021 teremos todas as pessoas do mundo vacinadas.

Até o momento, mesmo com as vacinas testadas e aprovadas, a previsão atual de proteção é de 3 meses. Então não vale a pena tomar? Lógico que vale. Quem puder, deve tomar a vacina. Os estudos prosseguem para analisar a duração da imunidade promovida pela vacina. Por enquanto, é de 3 meses.

– E o mais importante. NADA VAI SUBSTITUIR as recomendações mais simples, mais eficazes que são as mesmas, desde o início da pandemia:
* LAVAR AS MÃOS * DISTANCIAMENTO SOCIAL * USO DE MÁSCARAS * ÁLCOOL GEL.

Mas existe uma outra informação, que, não só tem se mantido constante desde o início da COVID-19, como tem evoluído através dos estudos.

NÃO FOI COMPROVADA TRANSMISSÃO ATRAVÉS DO LEITE MATERNO.

Assim, mesmo mães que estejam com COVID, se quiserem, podem amamentar.

Documento importante do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria, publicado em maio de 2020, esclareceu muitos pontos a respeito do tema, que continuam válidos.

E, recentemente, estudo realizado no Hospital Municipal Universitário – São Bernardo do Campo – HMU-SBC foi publicado no Journal of Human Lactation, mostrando a presença de anticorpos IgA contra COVID em leite de uma mãe, sugerindo a proteção contra a transmissão e a severidade da doença nas crianças amamentadas.

Desde junho de 2020, 201 duplas mãe-bebê, nascidos no HMU-SBC, sem evidências de contágio da doença e com bom estado de saúde, estão em acompanhamento. Analisando as amostras do colostro (leite produzido pela mães na primeira semana de vida do bebê), foi encontrado em 34% das amostras o IgA Anti-Sars-Cov-2 (anticorpo que protege contra COVID-19).

Esse ainda é um estudo em fase inicial, mas que pode trazer uma luz sobre o conhecimento de algumas razões pelas quais crianças adoecem menos, apresentam menos sintomas, com quadros mais leves e transmitem menos do que qualquer outro grupo da população mundial.

Então amamentar é possível em época de COVID?  SIM.

O SARS-CoV-2 não passa pelo leite materno causando doença? NÃO.

O leite materno pode trazer proteção contra a COVID-19?  PODE.

Então a mãe que estiver com COVID-12 e amamenta não precisa de proteção extra?

PRECISA SIM.

* LAVAR AS MÃOS * DISTANCIAMENTO SOCIAL (após amamentar outra pessoa deve cuidar do bebê) * USO DE MÁSCARAS * ÁLCOOL GEL.

E as mães que amamentam poderão receber as vacinas?

Por enquanto os testes com as vacinas para as gestantes e lactantes estão em andamento. Nas bulas das vacinas liberadas atualmente, a vacinação está contraindicada para gestantes e mães que estão amamentando, pela ausência de testes nas suas fases de produção.

Porém, a tendência atual é a de estudos que possam estender os benefícios da vacinação para as mães que amamentam, liberando, em breve e de acordo com critérios individuais, a sua aplicação. São, na maioria, vacinas de mRNA, que não são vivas. As gestantes também terão sua imunização testada e analisada.

As primeiras manifestações oficiais (Academy of Breastfeeding Medicine– ABM, American College of Obstetricians and Gynecologists– ACOG, Centers for Disease Control and Prevention– CDC) apontam que mães que amamentam devem ser analisadas da mesma forma que os grupos de risco para toda a população.

Segundo essas instituições, caso o lipídio da vacina entre na corrente sanguínea e alcance o tecido mamário (o que é pouco provável), seja transferido para o leite (mais improvável) a presença de quaisquer efeitos biológicos é inesperada.

Ainda reforçam que “preocupações teóricas com relação à segurança de vacinar indivíduos lactantes não superam os benefícios potenciais de receber a vacina. Não há necessidade de evitar o início ou descontinuar a amamentação em pacientes que receberam a vacina COVID-19”.

Mesmo sem os dados dos estudos sobre a segurança, vacinas de mRNA não são consideradas um risco para o lactente. Uma pessoa que amamenta que faz parte de um grupo recomendado para receber uma vacina COVID-19 (por exemplo, pessoal de saúde) pode escolher ser vacinada”.

Encerraria com uma afirmação da ABM:

Devemos proteger as pessoas grávidas e lactantes por meio da pesquisa, e não da pesquisa.”

*Dr.  Moises Chencinski , pediatra e homeopata.

Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Autor dos livros HOMEOPATIA mais simples que parece, GERAR E NASCER um canto de amor e aconchego, É MAMÍFERO QUE FALA, NÉ? e Dicionário Amamentês-Português
Editor do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Criador do Movimento Eu Apoio leite Materno.




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