Papo de Mãe
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Onde se aprende a ser mãe?

Quero olhar para os meus filhos e aceitar suas falhas como um processo natural e não como um sinal do fim dos tempos

Vinicius Campos* Publicado em 15/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h53

Reflexões da paternidade: “Preciso saber que não estou sozinho nessa jornada”
Reflexões da paternidade: “Preciso saber que não estou sozinho nessa jornada”

Oi, tem alguém aí?

Aqui quem escreve é um pai assustado, acordado às três horas e quatro minutos da manhã de uma quarta-feira, preocupado com os filhos. Não sei o que fazer. Já li livros, matérias, vi palestras, conversei com educadores parentais. Pra eles funciona. Pra elas, na maioria elas. Mães de crianças adoráveis, mulheres dóceis, que resolvem tudo com um sorriso.

Ajuda!

Vocês estão aí? Vocês existem?

Meu problema qual será? É por que sou homem e nunca me ensinaram a cuidar? É por que não gerei meus filhos e sem o mistério do sangue não tem jeito? É por que eles são adolescentes e a adolescência é isso mesmo?

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Ajuda!

Quero mostrar pra eles o correto, ter paciência pra acompanhar na dificuldade. Colocar limites pra não mimar demais. Quanto é demais? Quanto é muito? Quanto é pouco? Às vezes acho que ser pai é uma questão de dosagem.

Ajuda!

Tem tabela? Onde vocês aprenderam? Foi brincando de boneca? Foi isso que me faltou?

Ajuda!

Esses dias eles estavam chegando e fui me arrumar, tomei um banho, escovei os dentes, e fiquei esperando, ansioso. Eles chegaram. Estavam no mundo deles. Trocamos algumas palavras. Minutos depois estava cansado de sua intolerância adolescente, seu mau humor incoerente, seu modo provocador de chamar a atenção.

É normal?

Quem lhes ensinou amar a ponto de se anular?

Me sinto anulado. É assim mesmo?

Ajuda!

Minha mãe esses dias me dizia que sente saudades de nós. Fiquei admirado. Não consigo me ver sentindo saudades dessa etapa. Será que estou sendo feliz e não sei? Será que minha pequenez e despreparo estão me fazendo perder a melhor fase da vida?

Fantasio com o silêncio. O de dentro. Dormir sem sentir que o coração pode sair pela boca a qualquer momento. Escutar um barulho sem pensar que alguém está em perigo. Deixar o celular de lado sem se preocupar se alguém vai escrever no meio de uma urgência.

Queria tanto ser capaz de apaziguar o coração dos meus pequenos. De ser invadido pela paz materna, aquela que resolve com sorriso, que abraça e acolhe, que exibe no olhar sereno a certeza que tudo vai ficar bem.

Quero olhar para os meus filhos e aceitar suas falhas como um processo natural e não como um sinal do fim dos tempos.

Se souber como, me conte.

Se estiver assustada como eu, me conte.

Preciso saber que não estou sozinho nessa jornada. Precisamos.

Ajuda… dividir ajuda.

*Vinicius Campos é escritor, pai de 3 adolescentes e colunista do Papo de Mãe.
Instagram: @viniciuscamposoficial
facebook.com/viniciucamposoficial

Confira o programa sobre pais que cuidam dos filhos sozinhos:

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