Papo de Mãe

Longevidade marca o Dia Internacional da Síndrome de Down

Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural beneficia milhares de pessoas com arte e prática esportiva.

Roberta Manreza Publicado em 21/03/2019, às 00h00

Imagem Longevidade marca o Dia Internacional da Síndrome de Down
21 de março de 2019


21 de março é o Dia Internacional da Síndrome de Down. O

Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural beneficia milhares de pessoas

 com arte e prática esportiva

         Nos últimos 60 anos a expectativa de vida das pessoas com Síndrome de Down mais do que quadruplicou: saltou dos 15 anos de idade, no final da década de 50, para até 70 anos nos tempos atuais. Somente nos últimos 30 anos, a expectativa de vida dessa população cresceu num índice de 2,7 anos a cada ano. 

         Em grande parte, esse aumento deve-se a um melhor entendimento da deficiência, a um tratamento médico adequado e a uma abordagem multidisciplinar da questão, que busca promover a inclusão do deficiente na sociedade e sua autonomia. 

         No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, existem cerca de 300 mil pessoas com Síndrome de Down no país, sendo que 30 mil estariam em São Paulo. A incidência da síndrome é de 1 pessoa a cada 750 nascidas no Brasil. A causa da deficiência está na presença de três cromossomos 21 nas células do indivíduo. Ou seja, as pessoas com esta condição têm 47 cromossomos no núcleo das células em vez de 46 como é habitual.

         A Síndrome de Down é lembrada em 21 de março (21/03) justamente numa alusão à trissomia do cromossomo 21. A data é comemorada anualmente desde 2006 e sua importância está no fato de reconhecer que o indivíduo com Síndrome de Down merece respeito, garantia de direitos e oportunidades de inclusão social. 

         Em geral, as pessoas com Síndrome de Down têm determinadas características de condições físicas diferentes do restante da população. São mais vulneráveis a distúrbios respiratórios e podem apresentar problemas de visão, audição e tireoide. Cerca de 50% das crianças tem algum tipo de cardiopatia. “A alteração genética pode causar problemas no coração, espaçamento da coluna vertebral e redução da força muscular”, conta a educadora física Natália Monaco, coordenadora técnica do Instituto Olga Kos (IOK). A prevalência de obesidade também é maior do que na média da população.

         Assim, as atividades aeróbicas são recomendadas como uma forma de prevenção, especialmente contra doenças cardiovasculares. De acordo com estudos relacionando atividade física e Síndrome de Down verificou-se que a promoção de exercícios físicos na infância e juventude pode contribuir para a redução do desenvolvimento de patologias além de estimular este hábito saudável ao longo da vida. Ou seja, quanto mais cedo a pessoa com Síndrome de Down for estimulada melhor. 

         Alguns pontos podem facilitar a prática de atividade física. O conhecimento sobre os benefícios da atividade, uma atitude positiva em relação à prática e o desejo de ser bem sucedido são alguns deles. Outros, ligados ao ambiente ao redor da pessoa com Síndrome de Down, seriam o apoio da família e a possibilidade de contar com profissionais capacitados. Além disso, outra contribuição, seriam projetos adaptados às necessidades desses jovens que visam a inclusão social e promovem a interação social.

         É justamente nesse sentido que o Instituto Olga Kos atua. Por meio de práticas esportivas como karatê e taekwondo, o IOK estimula o desenvolvimento motor e amplia os canais de comunicação e expressão das pessoas com deficiência. “A prática esportiva beneficia não somente o corpo e a qualidade de vida, mas, também, a capacidade emocional, cognitiva e social do indivíduo”, afirma Natália Monaco, coordenadora técnica do IOK.

         Marcio Del Nero é um exemplo claro desses benefícios. Aos 35 anos, com Síndrome de Down, ele é faixa preta de karatê e se tornou um dos professores das oficinas do Instituto. Nascido em São Bernardo do Campo (SP), caçula de três irmãos, ele começou a participar das atividades do IOK em 2009, sendo um dos primeiros alunos das oficinas. Com o tempo, foi se aprimorando no karatê e, em 2014, foi convidado a se tornar professor do instituto e ter carteira assinada. “Minha vida está melhor agora”, diz Del Nero, que também pratica natação e musculação. “Vou seguindo o meu caminho.”

         As oficinas de karatê e taekwondo trabalham, além de aspectos físicos e  motores, a consciência corporal, a interação social e a participação da família no processo de inclusão social. Contando com uma equipe multidisciplinar que envolve, entre outros profissionais, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos, a prática das artes marciais também beneficia os indivíduos em aspectos comportamentais como respeito e disciplina.

         Fundado em 2007, em São Paulo (SP), o Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural (IOK) atende cerca de 3 mil pessoas entre crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual. Parte das vagas dos projetos é destinada a pessoas sem deficiência que se encontram em situação de vulnerabilidade social e residem em regiões próximas aos 40 locais onde as oficinas são realizadas na capital paulista. Desta forma, pretende-se possibilitar uma maior interação entre pessoas com e sem deficiência.

Saiba mais em www.institutoolgakos.org.br



DestaquesHome