Você é pessimista com tudo? Saiba como tratar
17 de janeiro de 2018Por Prof. Dr. Mario Louzã*, psiquiatra
A distimia começa muitas vezes na adolescência ou na idade adulta jovem e pode ser confundida com a personalidade da pessoa
Um antigo desenho animado, dos anos 60, chamado “Lip the Lion and Hardy Har Har”, contava as aventuras de um leão alto-astral, sempre otimista, achando que tudo dará certo e seu companheiro, uma hiena queixosa e pessimista, sempre repetindo: “Ó vida! Ó azar! Não vai dar certo”.
A hiena representa o que diagnosticamos como distimia (ou transtorno depressivo persistente), uma depressão de longa duração (dura mais de dois anos). A doença não costuma ser muito intensa, mas é constante, causando tristeza, desânimo, falta de interesse e dificuldade de sentir prazer nas atividades cotidianas. Sintomas físicos como alterações do apetite, do sono, da libido podem estar também presentes.
Além do pessimismo crônico, a pessoa não consegue sentir alegria em nada do que faz, irrita-se ou reclama frequentemente e transmite uma “energia ruim” no convívio com os outros. O quadro depressivo, apesar de leve, em geral, é crônico, e causa vários prejuízos na vida da pessoa.
Devido a seu início em geral precoce, muitas vezes na adolescência ou na idade adulta jovem, pode ser confundido com a personalidade da pessoa, com seu “jeito de ser”, o que muitas vezes leva ao não-reconhecimento do quadro como uma doença. Assim, a pessoa não procura tratamento médico para sua distimia.
O tratamento da distimia, tal como dos demais quadros depressivos, envolve o uso de medicamentos antidepressivos e psicoterapia.
Do ponto de vista da terapia cognitiva (ou terapia cognitiva comportamental, a TCC), o distímico apresenta uma distorção no modo de pensar, sempre com um viés negativo. Este viés negativo envolve três aspectos: a percepção pessimista de si mesmo (“não valho nada”), a percepção sobre o meio social e profissional (“ninguém me valoriza”) e a percepção sobre o futuro (“nada vai mudar”). A proposta da TCC é corrigir essa visão do distímico, fazendo com que o paciente perceba como estes pensamentos distorcidos prejudicam sua vida. Quando a terapia o faz enxergar o mundo com outros olhos, ele fortalece o pensamento positivo, abrindo espaço para melhora da distimia.
*Prof. Dr. Mario Louzã é médico psiquiatra, doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha, e membro Filiado do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
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Tags: Adolescência, adolescentes., depressão, pessimismo, pessimista
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Sou idêntica
Tenho 18 anos e sou muito negativo. Eu evito modas,não gosto de lugares movimentados,sou muito tímido mesmo. Fico nervoso com qualquer coisa que vou fazer. Me sinto muito mal. Penso demais. Sou muito bom em cálculos,informática e tecnologia,jogos. Mas tudo que vou fazer na vida real me causa nervosismo.
Eu sou infelizmente este tipo descrito no resto. Como me ajudar tenho 66(sessenta e seis ) anos a maioria vivido sem muita animação., Me considero uma depressivo crônica.
Nunca digo “não valho nada”; nem digo “ninguém me valoriza”: sei reconhecer o meu próprio valor. Mas sempre digo “nada vai mudar”. É uma grande tolice acreditar que a ciência e a tecnologia são capazes de mudar o mundo. A ciência e a tecnologia podem até serem capazes de mudar o mundo sociológico e temporal: as formas de socialização, convivência, comunicação humanas. Mas a ciência e a tecnologia jamais poderão mudar o mundo ontológico e atemporal: o egoísmo, a esperteza, a rudeza e a torpeza humanas. Estes componentes ontológicos (que são a verdadeira essência humana) são invulneráveis à qualquer ciência ou tecnologia.