Papo de Mãe

Mulheres, como vai seu lado machista? Especial Semana da Mulher

Roberta Manreza Publicado em 07/03/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h00

Imagem Mulheres, como vai seu lado machista? Especial Semana da Mulher
7 de março de 2017


Por Fernanda Moura e Taciana Mello, fundadoras do The Girls on the Road*, 

Mulheres podem ser machistas? Pode parecer uma pergunta estranha, mas durante os primeiros seis meses de projeto temos encontrado situações que, infelizmente, nos mostram que há mulheres que têm um comportamento que, muitas vezes, criticam nos homens.

Em julho de 2016, colocamos o pé na estrada com a missão de entrevistar mulheres empreendedoras, em mais de 20 países e fazer um documentário sobre o que têm feito, seus desafios e realizações para inspirar outras mulheres a considerar o empreendedorismo como opção e, principalmente, mostrar que lugar de mulher é em todo lugar, mesmo naqueles que dizem que é “coisa de homem”.

Durante esta jornada pelo mundo, temos tido o privilégio de entrevistar mulheres empreendedoras de diversos backgrounds, culturas e fundadoras de negócios em diversas indústrias. Se não bastasse as dificuldades do “jogo”, fazer a sua ideia funcionar e seu negócio crescer, não raras vezes ainda enfrentam resistência e críticas ferozes de outras mulheres. Dá para acreditar?

Por que somos tão criticas de nós mesmas e umas das outras? Por que muitas vezes somos nós, mulheres, e não homens, a fazer comentários machistas a outras mulheres? Durante nossa caminhada, temos ouvido empreendedoras que confessam terem recebido inúmeras criticas de outras mulheres. Por exemplo, na Coréia do Sul, uma empreendedora falou que ela é considerada uma “mãe ruim” por outras mulheres porque trabalha ao invés de se dedicar 100% aos filhos e marido. Tudo bem que a gente sabe e tem visto que aspectos culturais, valores têm um peso enorme no espaço que a mulher ocupa na sociedade, mas, peraí, ser considerada uma mãe omissa parece um pouco demais, né? No México foi a vez de uma empreendedora dizer que não apenas sua sogra, mas também sua mãe achavam que ela deveria largar seu negócio porque estava grávida e que lugar de mulher é em casa, cuidando da família. E está enganado quem pensa que isso só acontece com mulher casada ou em países tidos como mais “machistas”. Uma empreendedora australiana comentou que ouviu de uma investidora que não investia em mulheres porque mulher tem um papel em casa e não nos negócios. Choque total.

Na nossa própria experiência, uma de nossas entrevistadas perguntou: “Vocês se importam mesmo com esse tema de empreendedorismo e igualdade entre gêneros ou esse projeto é uma desculpa para viajar pelo mundo?” – Sim, você leu direito. Certamente seria mais fácil e mais barato “apenas” viajar e curtir o mundo. E será que ela faria essa pergunta se fossem dois homens registrando histórias de empreendedores?

Quantas de nós crescemos vendo grupos de meninos tornarem-se amigos, desde a infância ou adolescência, e que cultivam essa amizade e estão sempre ali um para o outro, seja no jogo de futebol, na indicação para uma posição ou para a defesa praticamente incondicional um do outro? Em muitos países que passamos, escutamos mulheres dizendo que precisamos buscar esse estilo de “irmandade” e apoio entre as mulheres. E as criticas? As criticas devem existir claro, mas que sejam menos focadas em colocar limites e mais direcionadas a impulsionar o potencial feminino.

Nos países que passamos, as empreendedoras falaram de forma entusiasmada sobre os benefícios de criar ambientes onde possam se sentir “em casa” e dividir histórias, experiências, aprender com desafios em comum, criar um networking poderoso e proporcionar o suporte necessário para que comecem a usufruir de uma rede maior e mais forte entre mulheres. Clube da Luluzinha? Na verdade, não. Apenas o exercício saudável de reunir um grupo de pessoas que tem mais coisas em comum do que diferenças.

Mulheres machistas, homens sexistas…o ideal é ficarmos longe dos estereótipos e promover o entendimento de que mulheres e homens devem e precisam dividir o espaço e apoiar uns aos outros para que todos ganhem!

*Fernanda Moura e Taciana Mello, fundadoras do The Girls on the Road, proposta que visa percorrer mais de 15 países nos cinco continentes com a missão de entrevistar e compartilhar histórias de mulheres empreendedoras que impactaram de alguma maneira a realidade à sua volta

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