Papo de Mãe
» O QUE SIGNIFICA

Solidariedade solitária

Pesquisa: crianças de 6 a 9 anos confundem solidariedade com solidão

Marina Pechlivanis* Publicado em 21/06/2022, às 09h23

A solidariedade não pode ser solitária
A solidariedade não pode ser solitária


Em tempos de generosidade em alta na bolsa de valores humanitários, o que faz uma criança confundir solidariedade com solidão?

Seria a falta de repertório sobre o que é a solidariedade? A pouca convivência com gestos e atitudes fraternos? Ou a sensação de estar sozinho para fazer a diferença na vida de alguém, sem o reforço das pessoas ao redor?

Como transmitir valores importantes para o seu filho?


Antes de avaliar a percepção das crianças, vale refletir sobre a conduta dos adultos. Afinal, o que é que as famílias e as escolas têm ensinado sobre humanidades para as crianças? E o que a mídia tem reforçado sobre atitudes colaborativas, não violentas, tolerantes e inclusivas?

Exigir consciência social das novas gerações quando a prática do dia a dia, nas esquinas, nas casas e nas salas de aula muitas vezes é bem distante disso foi um dos fatores que estimularam a realização da pesquisa “O que é, o que é: Solidariedade”, promovida pela plataforma de Educação para Gentileza e Generosidade (EGG). Mais que suposições, o objetivo foi entender como as crianças brasileiras compreendem os conceitos, muitas vezes abstratos, de princípios como gentileza, generosidade, solidariedade, sustentabilidade, diversidade, respeito e cidadania, com o objetivo de oferecer metodologias e narrativas mais precisas, para que estas palavras ganhem cada vez mais sentido prático junto às novas gerações.

Participaram da pesquisa 73 crianças de 1 a 13 anos, em todas as regiões do país. Apesar de as menções positivas serem maioria, compondo 89% das respostas e trazendo sinônimos como "ajudar", "bondade", "fazer o bem", "amar", "carinho e cuidado", "ser gentil", "doar" e "ser feliz", foram os 11%, de respostas negativas, remetendo à solidão, que geraram um ponto relevante de atenção. A confusão entre "ser solidário" e "ser solitário" se deu em crianças de 6 a 9 anos, 80% estudantes da rede privada de ensino. Seria apenas um equívoco sonoro ou seria um sonoro equívoco que precisa ser esclarecido o quanto antes para o bem comum?

Veja também


Desafio identificado, algumas dicas práticas para tentar reverter a situação:

É preciso verbalizar com mais frequência "solidariedade" e exemplificar o que a palavra significa, para que adquira sentido junto às crianças.

É fundamental ser o exemplo para as crianças, na escola ou em casa, fazendo gestos de solidariedade.

Para evitar associações negativas, por conta da similaridade fonética com a palavra "solitário", criar jogos de memória ou trava-línguas que possam gerar novos jargões; por exemplo: "quem é solidário nunca fica solitário", e assim, reforçar a origem das palavras, demonstrando a diferença.

Aproveitar livros e recursos audiovisuais (filmes, animações, games) para identificar e valorar os atos de solidariedade.

A solidariedade não pode ser solitária. Faça a sua parte.

foto
Caption


* Marina Pechlivanis é idealizadora da Educação para Gentileza e Generosidade e sócia da Umbigo do Mundo.

ComportamentoDicas3 a 8 anos9 a 12 anosCriança